Sistema que permite pagar menos pela energia, tarifa branca já está valendo

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  • Publicado em 2 de janeiro de 2020 às 11:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:12
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Adesão ao modelo deve ser avaliada com cautela, porque há risco de aumento na conta

A partir deste 1º de janeiro, a maior parte dos brasileiros pode aderir à chamada tarifa branca, em que o custo da energia elétrica varia conforme o momento do dia em que acontece o consumo.

A modalidade pode representar economia na conta de luz para quem se ajustar aos horários mais baratos, mas é preciso tomar bastante cuidado. Há perigo de aumento da despesa para quem não tiver um padrão de uso adequado.

A tarifa branca entrou em vigor em 2018, inicialmente para grandes consumidores, acima dos 500 quilowatts-hora (kWh) no mês. Em 2019, ficou disponível também para quem utiliza acima de 250 kWh

Agora, passa a ser uma opção para quem está ligado ao sistema de baixa tensão — até 2,3 quilovolts, o que inclui as redes de 127 volts e de 220 volts, não importa o nível de consumo. De forma geral, são abrangidos os usuários residenciais e pequenos comércios. Só não pode aderir a população que já desfruta de condições diferenciadas, como a tarifa social e o pré-pagamento.

No modelo convencional, o usuário paga um valor único pela eletricidade, não importa a hora do consumo. No caso da tarifa branca, são três valores diferentes. O mais caro é para o horário de ponta, aquele em que mais gente usa a rede. Há ainda um valor médio para o horário intermediário e uma tarifa mais baixa para o horário em que o consumo é menor, que vale também para finais de semana e feriados.

Os valores e horários variam conforme a concessionária. E o importante saber é que, a modalidade só será vantajosa para quem conseguir evitar o uso da rede entre as 17h e as 22h.

Como saber se vale a pena? “É muito importante que o consumidor, antes de optar pela tarifa branca, conheça seu perfil de consumo”, alerta a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Quanto mais o consumidor deslocar seu consumo para o período fora de ponta, maiores são os benefícios desta modalidade. Todavia, a tarifa branca não é recomendada se o consumo for maior nos períodos de ponta e intermediário e não houver possibilidade de transferência do uso dessa energia elétrica para o período fora de ponta. Nessas situações, o valor da fatura pode subir. Por isso, é bom ter atenção ao solicitar a mudança”.

A Aneel recomenda que os usuários comparem suas contas com a aplicação das duas tarifas, fazendo uma simulação com base em seus hábitos de uso de equipamentos. No caso da CEEE, os atendentes das unidades vão ajudar nessa avaliação, oferecendo uma orientação individual aos interessados. O diretor de regulação da empresa, Lucas Malheiros, afirma que não são esperadas muitas adesões.

—  Pode ser bom para quem já tem um padrão de consumo apropriado ou consegue modulá-lo, mas algum consumo no horário de ponta sempre vai existir, porque vários aparelhos permanecem ligados. Em 2019, quando foi permitida a tarifa branca para consumo a partir de 250 kWh, a procura foi baixa. Eram usuários com consumo mais alto, que poderiam ter uma economia significativa. Agora são consumidores que, se economizarem, será um valor pequeno, e com um risco considerável de gastar mais se não conseguirem modular o padrão de consumo. Sem modulação de consumo, o custo aumenta.  Por isso não é provável que haja muita procura — afirma.

A tarifa branca funciona como uma forma de incentivar o consumidor a mudar de comportamento e a concentrar seu consumo nos horários em que a rede está menos sobrecarregada, o que traz benefícios para o sistema. 

Ninguém é obrigado a aderir. Os interessados devem fazer a solicitação em uma unidade de atendimento presencial de sua concessionária. A empresa tem 30 dias para trocar o medidor e atender o pedido. Em caso de arrependimento, é possível desistir da tarifa branca — a empresa tem outros 30 dias para providenciar a mudança. 


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