Síndrome do túnel de carpo – o que é preciso saber para evitar e tratar

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de maio de 2018 às 14:49
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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O problema causa dores nas mãos e nos braços e, aos primeiros sintomas, deve-se procurar um médico

Dor, formigamento e
dormência nas mãos e nos braços. Esses são sintomas rotineiros para pessoas
portadoras da síndrome do túnel do carpo. A cada ano, estima-se que 150 mil
casos sejam registrados somente no Brasil.

A síndrome do túnel de carpo acontece quando há um aumento da
pressão dentro do túnel do carpo – um canal estreito do punho – e o nervo
mediano sofre uma compressão. As dores são bastante incômodas e surgem,
principalmente, no período da noite. Nos casos mais graves, pode ocorrer
atrofia muscular e, ainda, a perda da sensibilidade da mão.

Apesar de atingir ambos os sexos, as mulheres são
mais afetadas pelo problema. Exemplo disso é a aposentada Shirlei Rodrigues
Perez dos Santos, que, após trabalhar mais de 30 anos como bancária – e passar
muitas horas do dia digitando -, desenvolveu a condição. Ela conta que a
situação era tão desagradável que seu sono foi interrompido por diversas vezes,
quando acordava com as mãos formigando e os braços doloridos.

Causa

A condição desenvolve-se principalmente pelas lesões
causadas por movimentos repetitivos como, por exemplo, digitar. Além disso,
está relacionada com o posicionamento inadequado das mãos. Alterações hormonais
após a menopausa também podem contribuir para o surgimento da síndrome. “Com
menos frequência, há pessoas que desenvolvem a patologia por causas
traumáticas, como quedas e fraturas, ou mesmo inflamatórias, como em alguns
casos de artrite reumatóide. A doença ainda pode apresentar uma predisposição genética”,
explica Milton Bernardes Pignataro, cirurgião e presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM).

Tratamento

Ao sentir alguns dos sintomas, é necessário marcar
consulta com um especialista. “Quanto antes o diagnóstico correto for
identificado, maior a chance de tratamento sem a realização de uma
interferência cirúrgica”, alerta Pignataro.

O cirurgião explica que o diagnóstico pode ser feito
com um exame clínico, baseado na queixa do paciente e na positividade de alguns
testes provocativos.  “Na suspeita clínica, é solicitado um exame de
eletroneuromiografia, que avaliará de forma objetiva a presença e o grau de compressão
do nervo mediano”, conta.

Depois de constatada a síndrome do túnel do carpo,
chega a hora de tratá-la. O tratamento convencional consiste em usar
medicamentos anti-inflamatórios e no uso de tala para melhorar o posicionamento
do punho por um determinado período. Enquanto isso, o recomendado é fazer
intervalos para descansar as mãos e os punhos, além de alongá-los.

Quando essas medidas não são efetivas, então se faz
necessário recorrer à cirurgia. “É indicada para casos graves, em que há uma
grande compressão do nervo ou quando os tratamentos anteriores apresentaram
pouca ou nenhuma melhora”, relata o especialista.

E é exatamente isso que aconteceu com a ex-bancária.
Sem sentir os resultados dos medicamentos e do uso da órtese, a solução foi
realizar o procedimento cirúrgico. O primeiro foi feito no lado direito e o
mais recente, no esquerdo, em março deste ano.

Após
a cirurgia do túnel do carpo, o processo de recuperação irá variar de pessoa
para pessoa. Porém, de modo geral, o paciente fica com a faixa no braço no
pós-operatório, e os pontos são retirados de 10 a 12 dias depois.

O
especialista indica realizar os curativos conforme orientação médica e evitar
atividades que exijam esforço, carregar peso e executar ações repetitivas.
Deve-se movimentar as mãos de forma suave.

Para
aqueles que ainda têm dor no local da incisão e perda de força muscular,
recomenda-se fazer terapia. “Na nossa prática diária, a indicação é realizada
em torno de 40% a 50% dos casos”, expõe o presidente da SBCM.

Prevenção

Para quem usa o computador com frequência e passa
muito tempo digitando, o conselho é sentar-se corretamente e apoiar os braços e
punhos. Também é indicado fazer um intervalo a cada duas horas para alongar as
mãos e braços. O objetivo é evitar que o mau posicionamento por tempo
prolongado leve no desenvolvimento da síndrome. 

Apesar das
recomendações, caso a pessoa sinta algum sintoma, o ideal é procurar ajuda
médica. “Não é indicado que ninguém viva com dor, por isso a importância de
procurar um especialista para fazer um tratamento correto e eficaz da síndrome
do túnel de carpo”, finaliza o cirurgião.


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