Setembro Verde: campanha incentiva doação de órgãos

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 27 de setembro de 2020 às 13:44
  • Modificado em 27 de setembro de 2020 às 13:44
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No Brasil, atualmente cerca de 40 mil pessoas aguardam na fila por uma doação

Equipe realiza transporte de órgão para transplante

Este domingo, 27 de setembro, é Dia Nacional da Doação de Órgãos. Durante todo o mês, é promovida a campanha Setembro Verde, com o objetivo de conscientizar a população sobre o tema. 

No Brasil, atualmente cerca de 40 mil pessoas aguardam na fila por uma doação, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Roberto Manfro, Presidente do Conselho da ABTO, afirma que durante a pandemia da Covid-19 o Brasil teve uma redução de aproximadamente 30% no número de doadores de órgãos e de cerca de 45% no de transplantes em relação ao primeiro trimestre de 2020, de acordo com dados do Sistema Nacional de Transplantes.

Essa redução pode ser explicada por diferentes aspectos, entre eles a sobrecarga dos sistemas da saúde, que direcionaram seus esforços para combater a doença provocada pelo coronavírus, a mudança no comportamento social, levando a menos acidentes, e a possível falta de condições para realizar adequadamente os diagnósticos de morte encefálica ou o próprio procedimento de transplante.

“A redução foi mais intensa em algumas regiões do país do que em outras. Mas sempre que houve condição de manter as doações e transplantes com segurança, eles foram executados, e agora já está esboçando um aumento” afirma Manfro.

Conscientização
Eduardo Fernandes, chefe do setor de transplantes de fígado dos Hospitais Adventista Silvestre e São Lucas, destaca que no Brasil existe uma mortalidade em torno de 30% na fila de espera pela doação de fígado. Em sua avaliação, com uma maior conscientização as famílias permitiriam mais as doações, possibilitando reduzir essa taxa.

“Esse assunto precisa fazer parte da rotina, porque quando a pessoa manifesta o desejo de ser doador normalmente a família respeita no momento de autorizar. É preciso que as pessoas entendam que quando doam órgãos eles continuam vivos. Parte dela está viva e isso é muito bonito” diz o médico.

Manfro também concorda que é preciso educar a sociedade sobre o tema e ressalta, ainda, que atualmente os transplantes têm índices de sucesso muito bons.

“A doação é a única coisa boa que se pode fazer a partir de um acontecimento trágico. Se cada um que entende esse conceito explicar para alguém e falar para sua família que quer ser doador se algum dia se encontrar nessa condição, os números vão aumentar”, afirma.

Tipos de doação de órgãos
Em vida – Quando uma pessoa saudável doa um órgão para outra. É viável para alguns órgãos, como rim, fígado e pulmão. De acordo com a lei brasileira, o transplante com doador vivo pode ser realizado entre parentes de até quarto grau, e pessoas sem parentesco podem doar apenas com autorização judicial.

Após a morte – A maior parte dos transplantes no Brasil é realizada com doadores falecidos, quando há morte encefálica. Nesse caso, pode ser doado qualquer tipo de órgão ou tecido, incluindo córneas e pele, entre outros.

Passo a passo da doação de órgãos após a morte

  • Morte encefálica – É a morte do cérebro. Costuma ocorrer em casos de traumatismo craniano ou acidente vascular cerebral (AVC). Como ele comanda o organismo, em pouco tempo todos os órgãos também irão parar de funcionar.
  • Diagnóstico – São realizados dois exames clínicos para comprovar a morte encefálica, e no Brasil ainda é exigido um método complementar, que mostre que não existe fluxo de sangue no cérebro ou que não há atividade elétrica. Dessa forma, o diagnóstico é estabelecido com total segurança.
  • Avaliação – Após o diagnóstico, as equipes de atendimento avaliam se a pessoa teria condições médicas de ser doador de órgãos.
  • Autorização da família – Equipes habilitadas entram em contato com a família para perguntar se autorizam a doação. No Brasil, não há transplante de doador falecido sem que haja consentimento familiar.
  • Coleta – Os órgãos são retirados e preservados. Também são feitos testes para ajudar a determinar para quem poderão ser doados.
  • Definição do receptor – Os órgãos são alocados no estado de residência ou no qual a coleta foi realizada. Caso não exista receptor viável, eles são ofertados ao sistema nacional de transplantes, que distribui para todo o Brasil.
  • Critérios – Para alguns órgãos, o critério é de gravidade da doença, quem mais precisa recebê-lo. Para outros (em que existem maneiras de manter temporariamente a vida enquanto a pessoa não recebe o transplante) eles são alocados por compatibilidade genética entre doador e receptor, para quem tem maior probabilidade de sucesso.
  • Transplante – Os pacientes beneficiados são notificados e recebem o transplante.
  • Corpo é devolvido à família – É um compromisso dos hospitais e centrais de transplante entregar para a família o mais rápido possível o corpo da pessoa doadora, em condições de dignidade, para que procedam da forma que decidirem.

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