Sensibilidade nos dentes? Cuidado, pois eles podem estar trincados!

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de julho de 2018 às 18:28
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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Trincas nos dentes podem ser ocasionadas por bruxismo, apertamento ou morder alimentos muito duros

Você sabia que os dentes são as estruturas mais
resistentes do corpo humano? Isso não impede que possam sofrer fraturas, e de
vários tipos. Rachar um dente pode ser mais fácil do que imaginamos: eles se
quebram por impacto, e os restaurados podem rachar por conta do esforço
repetitivo da estrutura dental que restou.

Também é comum que ocorra a formação de trincas nos
dentes de quem tem bruxismo ou apertamento. “Geralmente os desconfortos que
acompanham os pacientes com esses problemas são sensibilidade generalizada ao
morder, dor em um dente específico, dores na articulação perto do ouvido e até
dores musculares na face”, explica Fabiana Mantovani Gomes França, coordenadora
do curso de Graduação em Odontologia da Faculdade São Leopoldo Mandic.

Morder alimentos ou objetos duros, como gelo, nozes
ou balas, também podem levar à fratura das estruturas dentais já fragilizadas
devido a tratamentos de canal ou muitas restaurações, por exemplo. Porém,
algumas vezes o dente sofre a fratura mesmo sem um impacto grande. Isso
acontece devido ao esforço repetitivo causado por algum distúrbio na mordida, o
que leva à diminuição da resistência da estrutura dental.

A sensibilidade, que em muitos casos pode ser
característica dos dentes trincados, está relacionada ao tamanho e intensidade
das rachaduras. Elas permitem que o estímulo externo de calor ou de pressão
devido a mastigação cheguem mais rapidamente à polpa dental (núcleo do dente).
Se a trinca foi muito extensa, acontece a passagem de bactérias da boca para o
interior do dente, causando inflamação do tecido pulpar e, nestes casos, é
necessário o tratamento do canal.

Por mais que as causas deste problema possam ser
consideradas comuns, seu diagnóstico pode ser trabalhoso, uma vez que as
trincas podem não ser perceptíveis a olho nu. “A identificação de uma trinca
somente no esmalte do dente é diagnosticada pela transiluminação, isto é,
incidindo uma luz contra a coroa do dente, o que permitirá identificar
‘estrias’ sugestivas deste tipo de trauma”, explica Regis Burmeister dos Santos,
professor titular da área de Endodontia da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Segundo o professor, há diferentes níveis de
rachaduras: as fraturas podem envolver, além do esmalte (parte mais exterior do
dente), também a dentina (“camada” intermediária), chegando a atingir a polpa
dentária.

Além de ser um dano à estrutura dental, essas
rachaduras podem fazer com que pequenos fragmentos se desprendam dos dentes e
se alojem na gengiva, podendo causar uma inflamação no local. Outra
consequência das fraturas pode ser o desenvolvimento de um processo
inflamatório no dente, provocado pela contaminação bacteriana através do espaço
provocado pela fissura.

Para prevenir esse tipo de problema é necessário
ficar atento: pessoas que rangem ou apertam os dentes precisam procurar um
cirurgião-dentista. 

Santos explica que as rachaduras provocadas por
acidentes exigirão tratamentos mais ou menos complexos, dependendo da extensão
e dos tecidos envolvidos. Podem ser necessários tratamentos endodônticos (de
canal), periodontais (de gengiva) ou cirúrgicos, com ou sem complementação por
próteses ou restaurações, de acordo com cada caso.  Tratar a causa do
apertamento dental também é importante. França defende um atendimento
multidisciplinar, que inclua também o acompanhamento de um fisioterapeuta e de
um psicólogo ou psiquiatra, uma vez que esse distúrbio pode ter causa
psicológica.


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