Senadora americana acusa Facebook por publicar fake news que ela mesma fez

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de outubro de 2019 às 16:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:55
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Candidata à presidência dos EUA faz anúncios falsos no Facebook para por rede à prova

A candidatura à reeleição do presidente Donald Trump acabou de receber um selo de aprovação do Facebook e de seu CEO, Mark Zuckerberg. Só que não.

A equipe da senadora Elizabeth Warren intencionalmente colocou essa falsa alegação em uma série de anúncios de campanha no Facebook esta semana para chamar a atenção para a controversa política de anúncios da plataforma.

O Facebook permitiu que propagandas igualmente difamatórias do presidente Donald Trump fossem executadas sem controle. 

Desde o ano passado, o Facebook isenta os políticos e a propaganda política das medidas habituais de verificação de fatos da plataforma, uma regra pela qual a candidata presidencial não não mediu palavras sobre seu desdém.

O Facebook mudou sua política de anúncios para permitir que os políticos exibissem anúncios com mentiras conhecidas – transformando explicitamente a plataforma em uma máquina de desinformação com fins lucrativos”, tuitou Warren no sábado, depois que os anúncios começaram a aparecer no Facebook na quinta-feira. 

Portanto, as propagandas de sua campanha pretendiam “ver até onde” a política da plataforma vai. Você pode vê-los aqui na biblioteca de anúncios do Facebook.

Ao contrário do anúncio de campanha de Trump, no entanto, um aviso segue a mentira dela: 

“Você provavelmente está chocado e pode estar pensando: ‘como isso pode ser verdade?’ Bem, não é. (Desculpe.)” 

O anúncio continua argumentando que, embora o Facebook não tenha apoiado explicitamente Trump, a empresa aceitou “montes de dinheiro” da campanha de reeleição do presidente para permitir que eles “repassassem suas mentiras aos eleitores americanos” na plataforma.

A resposta de Warren parece direcionada a um recente anúncio pró-Trump que o Facebook se recusou a retirar na semana passada, apesar de um pedido do ex-vice-presidente Joe Biden. 

O anúncio alega falsamente que Biden, outro candidato presidencial democrata, prometeu doar à Ucrânia US$ 1 bilhão para interromper uma investigação sobre a empresa de seu filho.

 É uma afirmação que Trump repetiu várias vezes com zero evidências e uma das muitas teorias da conspiração lançada em um livro de Peter Schweizer, editor do blog Breitbart News.

Ao permitir esse tipo de campanha de desinformação em sua plataforma, o Facebook está provando que valoriza mais os lucros do que preservar o processo democrático americano, argumenta Warren.

“O Facebook detém um poder incrível para afetar as eleições e nosso debate nacional. Eles decidiram deixar que figuras políticas mentissem para você – mesmo sobre o próprio Facebook – enquanto seus executivos e investidores ficam ainda mais ricos com os anúncios que contêm essas mentiras”, ela tuitou na segunda-feira.

Enquanto isso, o Facebook afirma que sua recusa em reprimir anúncios difamatórios ajuda a impedir que a plataforma injete viés no processo de curadoria de conteúdo político.

“[A] FCC não quer que empresas de transmissão censurem o discurso dos candidatos. Concordamos que é melhor deixar os eleitores – e não as empresas – decidirem”, tuitou o Facebook no sábado, marcando Warren. 

O tuite também se vincula aos dados coletados pela Advertising Media, empresa que mostra disparidades em quantos anúncios anti-impeachment e pró-impeachment foram veiculados em quatro estados principais.

O Facebook respondeu, referindo-se ao tuíte acima, mas o porta-voz da empresa, Andy Stone, forneceu a seguinte declaração à CNN:

“Se a senadora Warren quer dizer coisas que ela sabe que são falsas, acreditamos que o Facebook não deve estar na posição de censurar esse discurso”.

No início desta semana, a diretora de políticas públicas do Facebook para políticas globais Katie Harbath argumentou em uma carta enviada à campanha de Biden, obtida pelo Gizmodo, que a política da rede social não dá aos políticos liberdade total. 

O conteúdo que tentar espalhar “uma farsa viral – como um link para um artigo ou vídeo ou foto que foi desmentido anteriormente” pode ser rejeitado. 

Mas isso se aplica apenas ao conteúdo compartilhado; se um político dissemina as besteiras diretamente, o Facebook considera como “discurso direto” e é um sinal para o programa de verificação de fatos da plataforma não interferir.

O Twitter e o Google também exibiram esses anúncios pró-Trump – porta-vozes dos dois confirmaram que esses anúncios não violavam as políticas de nenhuma das empresas.

Mas Warren e o Facebook têm um pouco de história. Na semana retrasada, o Verge publicou um áudio vazado de uma reunião da empresa em que Zuckerberg prometeu revidar se Warren cumprir sua promessa de quebrar grandes empresas de tecnologia. 

A senadora criticou posteriormente o CEO e reiterou que sua promessa de campanha em váruis tuites contundentes. 


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