Sem perspectiva de melhora, futuro da Lusa ainda é incógnita

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 30 de junho de 2017 às 16:14
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:14
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*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.

A Portuguesa chegou ao fundo de seu poço. No último domingo, após a derrota por 1 a 0 para a Desportiva Ferroviária, a Lusa encerrou a primeira fase da Série D do Campeonato Brasileiro na lanterna de seu grupo e, por enquanto, não terá uma divisão nacional para disputar no próximo ano. Atolado em dívidas e à mercê de disputas políticas, o clube agoniza sob gestões sucessivamente confusas, despreparadas e negligentes. E não há perspectiva de melhora.

O último suspiro da Lusa se inicia no próximo domingo, quando o time estreia na Copa Paulista, contra a Portuguesa Santista, no Canindé. Se vencer o torneio, o clube terá a oportunidade de voltar a jogar a Série D do Campeonato Brasileiro. Caso contrário, a Lusa passa a ser mais uma equipe com calendário limitado, restringindo-se às disputas regionais, com exceção da Copa do Brasil, em que ainda competirá no ano que vem por conta do seu ranking na CBF.

Evidentemente a situação que a Portuguesa se encontra é totalmente oposta à de anos atrás, quando o clube chegou, inclusive, a ser vice-campeão brasileiro de 1996. O “caso Héverton”, em 2013, foi o estopim para a decadência da agremiação rubro-verde, que nos últimos meses, ao contrário do que os clubes costumam fazer, vendeu os espaços de sua tradicional camisa em troca de serviços.

Mesmo o atual presidente da Lusa, Alexandre Barros, evitando falar com a reportagem (desligou todas as chamadas durante a semana que sucedeu a eliminação da equipe da Série D),  revelou com exclusividade à Gazeta Esportiva, em maio deste ano, que o clube não lucrava com publicidade.

“Os patrocinadores são abnegados. Por exemplo, o Laticínios Gege, o patrocínio é em troca de leites, de iogurtes, que usamos para a alimentação dos atletas. O Armarinhos Fernando exibe sua marca em troca de material de escritório, a Bioleve em troca de água. Fizemos isso com todos os patrocinadores. O Graal exibe a marca em troca de viagens que o clube faz, temos que almoçar, jantar na estrada, e isso dá um custo. O [hotel] Holiday Inn é em troca de hospedagem”, disse Alexandre Barros.

Atolada em dívidas, a Portuguesa teve bloqueada todas as suas fontes de arrecadação. As cotas recebidas pela participação na última Copa do Brasil, inclusive, nem chegaram a cair na conta do clube. Tendo de enfrentar uma infinidade de processos, a Lusa jamais retornou à elite após 2013, e um engano ao acionar um jogador suspenso acabou comprometendo ainda mais o futuro de uma tradicional instituição.

Chamado no início do ano para fazer parte da alta cúpula da Portuguesa, Emerson Leão se dispôs a contribuir de maneira voluntária com o clube atuando como um consultor, entretanto, a expertise do ex-goleiro foi pouco aproveitada por Alexandre Barros. Três meses depois a parceria chegava ao fim sem uma explicação clara. Leão segue preferindo se esquivar de polêmicas.

“Todo mundo sabe que a gente gosta da Portuguesa, mas para não complicar ainda mais o momento que eles estão passando, prefiro não falar. Fui voluntário, quis ajudar como colaborador, mas meu tempo na Portuguesa acabou, passou”, disse Leão.

Da Série A para a Série D, da Série D para o desconhecido. Ninguém sabe o que será da Portuguesa se o clube não vencer a Copa Paulista. Nem mesmo na elite estadual o clube se encontra, já que disputa a Série A2 do Paulistão. Nesta quarta-feira, sete atletas foram dispensados pelo Departamento de Futebol (Ronaldo, Fernando, Amaral, Claudio, Adilson, Rico e Paulinho Le Petit), mas, por enquanto, mudanças estruturais ainda não aconteceram.

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.


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