Seis em cada 10 jovens brasileiros pensam em morar no exterior

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de junho de 2018 às 18:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:49
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Falta de segurança e de perspectivas profissionais, somadas ao alto custo de vida são os motivos

A falta de segurança e de
perspectivas profissionais somadas ao alto custo de vida e impostos elevados
fazem com que 19 milhões de jovens brasileiros, na faixa etária de 16 a 24
anos, queiram deixar o Brasil em busca de oportunidades no exterior.

Portugal é o segundo principal
destino, depois dos Estados Unidos. Em seguida estão Canadá, França, Espanha e
Inglaterra.

Os dados são do Instituto DataFolha
que ouviu 2.090 entrevistados. A pesquisa mostra que 50% dos que têm entre 25 e
34 anos gostariam de abandonar o Brasil. Esse percentual cai para 44%, na faixa
de 35 a 44 anos e 32% para os que estão entre os 45 e os 59 anos. No grupo
acima de 60 anos, o percentual é de 24%.

Vida mais simples

Formada em Letras pela Universidade de
Brasília (UnB), Ana Carolina Viana, 36 anos, optou por deixar Brasília, onde
sempre morou, e tentar vida nova em Lisboa. “Lá em Brasília, mesmo
trabalhando muito, no final do mês só sobrava para pagar as contas e eu não
conseguia juntar dinheiro e fazer planos”, desabafou.

Para Ana Carolina, morar em Lisboa
significa ter melhor qualidade de vida. “Consigo morar numa casa pequena, mas
que tem tudo o que eu preciso. Posso colocar meu filho em uma escola pública,
que aqui é muito boa. Não preciso pagar um plano de saúde. E, com isso, posso
viajar e fazer cursos”.

A vontade de “viver com
menos” não é um desejo exclusivo de Ana Carolina. O cirurgião vascular
Marcelo Ribeiro de Sousa Bizerra, 34 anos, natural de Teresina, compartilha
essa busca de uma vida mais tranquila. Casado e com dois filhos pequenos de 8 e
2 anos de idade, ele conta que sempre teve vontade de viver fora. “Eu
tenho muita vontade de morar em um país onde eu possa criar meus filhos e que
minha esposa viva de maneira mais tranquila. Um lugar onde não seja preciso
trabalhar tanto, que se viva com menos, mas com mais qualidade de vida, que eu
possa pagar um imposto de renda justo e que tenha um retorno mínimo para
conseguir nos sustentar, dar uma boa educação para os filhos, conseguir uma
saúde de qualidade e ter uma segurança mínima”, afirmou Marcelo.

Valorização

Formada em Relações Internacionais,
Tamira Romualdo, 27 anos, morou em vários locais do Brasil – Pará, Goiás, Rio
de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal – e também no exterior, em Washington
(Estados Unidos). Ela disse que teve vontade de repetir a experiência e,
atualmente, a maior motivação para tentar a vida no exterior é profissional. “Na
minha faixa etária eu vejo que está todo mundo passando pelo mesmo problema:
todos saem da faculdade cheios de esperança, mas trabalham muito e se empenham,
correm atrás e não veem retorno”, afirmou Tamira.

Trabalhando atualmente na Embaixada
de Botsuana no Brasil, Tamira conta que, se pudesse, moraria em Portugal.
“Aqui no Brasil é tudo muito caro. O preço do mestrado aqui é mais alto do
que em Lisboa ou no Porto. Ter um diploma de uma instituição internacional tem
um peso muito maior no mercado.”


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