Se não houver acordo com o governo, SP vai distribuir vacina chinesa no estado

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 12 de outubro de 2020 às 18:43
  • Modificado em 12 de outubro de 2020 às 18:43
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Secretário disse que, sem SUS, SP tem estrutura, insumos e equipe para imunizar população paulista

O secretário de saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse nesta segunda-feira (12) que a distribuição da vacina Coronavac está garantida para os 645 municípios do estado, mesmo que o governo federal não compre as doses. As informações são do portal G1.

Desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, o imunizante está em fase de testes entre profissionais de saúde brasileiros.

“Nós temos uma estrutura de distribuição, temos todos os insumos necessários – agulhas, seringas, equipes. Portanto, não haveria um momento e motivo para dizer ‘não temos o que fazer com isso’. Temos, sim. Nós temos recebido contato de outros governadores querendo que a vacina seja distribuída em suas regiões”, explicou Gorinchteyn em entrevista à GloboNews nesta manhã.

De acordo com o secretário, o governo espera fechar parceria com o Ministério da Saúde nas próximas semanas, mas o “plano B” é assumir a logística no estado.

“Nós temos toda uma estratégia, com o apoio das secretarias municipais da saúde, na qual despolarizaria de uma forma muito clara e clássica a distribuição [das doses] nas regiões. Então, não seria um impacto logístico, de distribuição, de equipes, uma vez que utilizamos do SUS, mas são as unidades básicas municipais que fazem o operacional, e, para estas, nós temos parceria com todos os municípios. Isso não será o problema”, disse Jean Gorinchteyn.

Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que libera R$ 1,9 bilhão para viabilizar a produção de 100 milhões de doses da chamada “vacina de Oxford” contra o coronavírus.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu o repasse de R$ 1,9 bilhão ao governo federal. Do montante, foram liberados pelo Ministério da Saúde R$ 80 milhões para reformar uma fábrica do Instituto Butantan que deverá produzir a CoronaVac.

Em coletiva de imprensa na última sexta-feira (9), Doria disse que irá se reunir com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no dia 21 de outubro fechar as tratativas.

Questionado se uma possível falta do SUS na coordenação, no armazenamento e na distribuição da Coronavac poderia atrapalhar ou atrasar a vacinação, o secretário da saúde reforçou que o estado de São Paulo não enfrentaria problemas de logística, mas que enxerga um “problema social”, caso o Ministério da Saúde não inclua as doses no Programa Nacional de Imunizações.

“Seria um problema social. Imagine que eu vacine São Paulo, vacine um outro estado, e deixe de vacinar os demais. Isso não é republicano, isto não é democrático. Então temos que lembrar que a vacina é extremamente importante, principalmente porque ainda temos mais de 600 mortes por dia. A vacina é a forma que nós temos de impedir que as pessoas fiquem doentes, que fiquem doentes mais graves, e que morram. Nós temos que dar esse direito a todo cidadão brasileiro”, argumentou Gorinchteyn.

“Isso é uma questão relacionada à socialização, à parte democrática — o brasileiro tem direito a vacina e nós não podemos ter uma vacina privilegiada em relação a outra . Nós temos que ter vacinas. Até porquê, uma vacina somente não dará conta de imunizar todos os brasileiros. É a associação dessas doses do Butantan e da própria Fiocruz que permitirá que mais brasileiros, e não todos, sejam imunizados e protegidos”, completou o secretário.

O estado de São Paulo deve receber 5 milhões de doses da vacina chinesa contra Covid-19 já neste mês de outubro.

Se a vacina for aprovada nos testes clínicos da fase 3, que estão em curso, sua produção em solo nacional será feita em uma fábrica que o governo estadual pretende adaptar. A promessa do governo estadual é a de que a vacinação tenha início em janeiro de 2021.


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