SBM lança campanha de acesso ao tratamento do câncer de mama no país

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de outubro de 2018 às 20:57
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:03
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Objetivo é mobilizar prefeituras e secretarias municipais de saúde para que o tratamento comece em 60 dias

A Sociedade Brasileira de Mastologia
(SBM) lançou nesta segunda-feira, 02 de outubro, a campanha +Acesso para
Celebrar a Vida, dentro das comemorações do Outubro Rosa, mês escolhido
mundialmente para estimular a participação da população no controle do câncer
de mama. O objetivo, segundo o presidente da SBM, Antônio Luiz Frasson, é
mobilizar as prefeituras e as secretarias municipais de Saúde, “porque são elas
que determinam o acesso ao tratamento para quem tem câncer, para que o
tratamento se inicie em pelo menos 60 dias a partir do diagnóstico, segundo a
lei”.

A Lei 12.732, em vigor desde 2012,
estabelece que o primeiro tratamento oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS)
deve se iniciar no prazo máximo de 60 dias a partir da assinatura do laudo
patológico ou em prazo menor, de acordo com a necessidade terapêutica do caso
registrada no prontuário do paciente. “A gente quer que as pessoas não apenas
façam mamografia e tenham acesso ao rastreamento, mas que, tendo feito um
diagnóstico, elas tenham condições de iniciar um tratamento de forma mais
rápida possível. E isso depende, basicamente, da gestão municipal. O que a
gente quer é reduzir fila para cirurgia, para radioterapia, para quimioterapia.
Porque não adianta você estimular o diagnóstico precoce e a pessoa demorar seis
meses para começar o tratamento porque não tem acesso”, defendeu o
mastologista.

A campanha enfatiza que se as
mulheres com câncer forem atendidas rapidamente, terão mais condições para
celebrar a vida. Antônio Frasson explicou que se o tratamento demora mais de
três meses para começar, o prognóstico é pior. “Quando uma mulher com câncer de
mama é operada, a radioterapia tem que começar em três meses. Se tiver que
fazer quimioterapia, quanto antes começar melhor, mas não deve passar de três meses”,
advertiu o presidente da SBM. “É isso que a gente quer chamar a atenção”.

Mamografias

Pesquisa da SBM em parceria com a
Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia revela um baixo número de mamografias
efetuadas no ano passado por mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos. Foram
realizadas 2,7 milhões de mamografias, contra 11,5 milhões previstos.

A cobertura foi de 24,1%, inferior
aos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “O número de
mamografias caiu muito. Em algumas regiões, ele é ridículo”, observou Frasson.
“A gente está fazendo, em algumas regiões, 5% ou até menos do que seria
recomendado”. Para o presidente da SBM, esse é um problema de gestão municipal,
que depende de recursos destinados à saúde. “É basicamente um problema econômico”.

Os piores lugares para mamografia no
Brasil são o Amapá e o Distrito Federal, informou Frasson. De acordo com a
pesquisa, o Amapá realizou apenas 260 exames em 2017, contra 24 mil esperados,
seguido do Distrito Federal, com cinco mil mamografias realizadas contra 158,7
mil programadas.

Frasson atribuiu ao sucateamento da
infraestrutura – materiais e equipamentos – a razão para o baixo índice de
exames feitos, além de dificuldade de pessoal. Em contrapartida, os estados do
Sul e do Sudeste apresentam os melhores resultados de mamografia.

Mastectomia

O presidente da SBM informou que a
reconstrução das mamas melhorou muito no Brasil. “Ainda não chegou no ideal,
mas nos últimos dez anos, a gente praticamente duplicou o número de mulheres
que têm acesso à reconstrução”. Atualmente, cerca de 30% das mulheres têm as
mamas reconstruídas no Brasil.

Frasson disse que nem todas as
pacientes podem ter os seios reconstruídos. Existem limitações para isso, como
fatores intercorrentes, tumores localmente avançados, mulheres diabéticas,
hipertensas. “Não é toda mulher que é candidata à reconstrução”.

De modo geral, segundo o
mastologista, hoje, em algumas regiões, 90% das mulheres que são candidatas à
reconstrução conseguem fazer essa cirurgia. Muitos médicos estão capacitados a
fazer a reconstrução no Brasil, sejam mastologistas ou cirurgiões plásticos.
“Isso melhorou muito o quadro da reconstrução mamária no Brasil”.

Além da realização de consultas e
exames periódicos, a SBM reforça a importância de as brasileiras manterem
hábitos saudáveis de vida, o que inclui a prática regular de exercícios, dietas
com baixo teor de gordura, combate à obesidade. Esses fatores estão
relacionados ao aumento do risco de desenvolver câncer de mama, sobretudo nas
mulheres após a menopausa. A SBM preconiza a realização da mamografia
anualmente para todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade.


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