Saudações amigos leitor!

  • EntreTantos
  • Publicado em 19 de julho de 2017 às 16:41
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:27
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​               É com imenso prazer que hoje aciono a ignição desta coluna que aqui nasce. Confesso que muito labutei à cata de um assunto pertinente que, senão celebrasse esta inauguração com chave de ouro, ao menos, avalizasse a coerência que rege, ou, pelo menos tenta reger esta minha cachola quase sórdida pelas tantas porcarias que vem absorvendo ao longo destes confusos anos.

             Minha mente, solícita, voraz, tal qual a disposição de um adolescente, contradizendo por completo a ruina caricata que este corpo apresenta, saltitara deliberada por sobre os tantos enredos que, possivelmente, assegurariam uma matéria razoável. Tantos fatos brotaram imediatamente, quais labaredas sob a incitação da brasa, a crise econômica, que tanto tem nos tirado o sono e comida da mesa se destacara entre as possibilidades, tão logo, a crise política, com seus tentáculos e suas tramoias que nos causam náuseas, a degeneração dos valores humanos, a violência assustadora que a cada dia produz novas vítimas e a utopia em relação a um mundo seguro. E não é que, de repente, nesta palavra “utopia”, sou atingido por um estalo, uma epifania que acende minha mente, depois de alguns minutos, quase se rendendo, esgotado na esteira da criatividade. Porque não falar exatamente dos sonhos? Afinal, embora os céticos desprezem esta hipótese e atribuem os créditos à ação, são os sonhos que nos promovem. O seu sonho o conduzira exatamente ao ponto onde hoje está, do contrário, nada mais lhe restaria, exceto uma vida de lamentações. O sonho de um negro havaiano determinado o levara ao invejável posto de líder máximo da mais importante nação da esfera terrestre. E como não mencionar o sonho de um mineiro “fuçado” que o conduzira a alcunha de “Pai da aviação”.  E porque não permitir o atrevimento de incluir o sonho de um leitor pobre, de periferia mesmo, fascinado pelo universo das palavras e do conhecimento que elas proporcionam, que se tornara escritor e hoje desfruta o privilégio de redigir tais pensamentos nesta coluna?

            Entretanto, a pior parte de se nascer pobre, num país de mentalidade “pobre”, é que você é obrigado a não acreditar nos seus sonhos, assim, gradativamente, seus ideais, aqueles planos onde você incluiu tanta gente, vão se esvaindo lentamente por entre os dedos, tal qual partículas de areia. Seus sonhos vão diariamente morrendo, assassinados, não pela força das circunstâncias, também não é pelo o catastrófico quadro social no qual você foi parido, não se trata dos ensinamentos obsoletos que o governo convencera seus pais de que era o mais oportuno, mas, por nós mesmos. Talvez, em consequência destes fatores, mas, somente nós somos senhores dos nossos sonhos. Mutilamos e assassinamos covardemente nossos objetivos, todos os dias, ao primeiro negar de “bom dia”, aos muros que somos forçados a erguer, substituindo a pontes, nas máscaras que utilizamos para sermos aceitos em determinadas rodas sociais.  O mundo está impregnado de gente, esperando uma oportunidade para destruir o vosso sonho, são pessoas que mataram suas esperanças, deram-se ao sedentarismo que foi logo atropelado pela voracidade dos anos e que agora, deleitam sua existência a exterminar o sonho alheio. Mas, somente uma pessoa é capaz de fazê-lo de fato e esse alguém é você. Um homem sem sonhos, sem propósitos é uma concha vazia e isto assombra qualquer perspectiva. Portanto, amigo leitor, é necessário sim ir imediatamente à luta, mas, é extremamente crucial sonhar, dar propósito a esta vida passageira.

             É bem provável que o prenuncio de um brasileiro falando sobre sonhos em plena crise medonha que vivemos, soe como uma anedota, mas, fazer isso é ir na contramão das diretrizes que o estado insiste em nos apresentar. Os sonhos nos fazem pensar no minuto seguinte, nos possibilitam antecipar às projeções. Não consigo imaginar o ser humano vagando pela terra sem se agarrar a qualquer sonho. Sonhar com a possibilidade de um amanhã melhor, nos permite enxergar além da escuridão dos fatos, é manter-se vivo, enquanto todos jogam a toalha ao redor, é se recusar a mastigar a contragosto o pão amargo que os tantos obstáculos lhe colocam diante do nariz, é reagir. É sonhando com a possibilidade de um amanhã melhor que preparo meus filhos.

     E quanto a você? Quais são os seus sonhos?   

             Todavia, e minha mãe há de dizer que não criara um filho sarcástico, ao que corro imediatamente em sua defesa e digo que somente a vida causara tal transmutação, não há maneiras de esquecer o fato de que sonho mesmo todos os dias, (substancialmente, bem no sentido literal da palavra) com um país onde o ser humano possa ter de fato algum valor, onde as conveniências das alianças que substituem as parcerias não ultrapassem a necessidade de uma pátria inteira.

             Confesso que vivemos em tempos conturbados, ditado pela decrépita situação política, onde, sonho é quase que um adereço mitológico, no qual ninguém parece estar verdadeiramente interessado, mas, sonhar é preciso sempre (De olho aberto, é claro, para que ninguém lhe surrupie as poucas moedas restante). Confúcio disse que sonhar com o impossível é o primeiro passo para torná-lo possível, desta forma, proponho, não somente fazermos exatamente assim, mas, ensinarmos nossos filhos a agirem sob este propósito.

             Laurentino Gomes diz que o Brasil tinha tudo para dar errado e, no entanto, deu certo. Entretanto, (E sempre há um “entretanto” ah-ah) metido a besta que sou, ouso dizer que o Brasil era um país que tinha tudo para dar certo, no entanto, está dando tudo errado, portanto, rogo, imploro, PAREM LOGO ESTA M…. (Ufa! Em tempo, pois, a necessidade de um palavrão me assombra, mas, não pretendo cometer tal deslize, não no primeiro artigo). Vou logo pegar meus sonhos, colocar tudo num saco e descer, antes mesmo da próxima estação.

             Pensamento:

A vida não acaba quando deixamos de viver e sim quando deixamos de buscar algo nela.

Bob Marley

*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.


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