Santo Agostinho, a vida de um dos grandes pensadores da história

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de agosto de 2018 às 18:38
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:58
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Filho de Santa Mônica, santo Agostinho peregrinou por diversas religiões entes de se tornar cristão

Seu
nome era Aurélio Agostinho, nascido em Tagaste, uma cidade do Norte da África
dominada pelos romanos, na região onde hoje fica a Argélia, em 13 de novembro
do ano 354. Filho primogênito, seu pai se chamava Patrício, era pagão e pequeno
proprietário de terras. Sua mãe, pelo contrário, era cristã fervorosa, tanto
que tornou-se santa, Santa Mônica, celebrada no dia 27 de agosto, um dia antes
da festa de Santo Agostinho. Mônica sempre buscou educar o filho na fé cristã.
Agostinho, porém, por causa do exemplo do pai, não se importava com a fé.

Infância

Santa
Mônica queria que seu filho se tornasse cristão, mas percebia que a hora de
Deus ainda não tinha chegado. Tanto que adiou seu batismo, com receio de que
ele profanasse o Sacramento. Aos onze anos, Agostinho foi enviado para estudar
em Madauro, perto de Tagaste. Lá, estudou literatura latina e algo que o
distanciaria da fé cristã: as práticas e crenças do paganismo local e romano.

Juventude
conturbada

Com
dezessete anos, foi para Cartago estudar retórica. Lá, embora tenha recebido
formação cristã de sua mãe, passou a seguir a doutrina maniqueísta (que enxerga
o mundo apenas como bem e mau), negada veementemente pelos cristãos. 

Além
disso, tornou-se hedonista, ou seja, seguidor da filosofia que tem o prazer
como fim absoluto da vida. Dois anos depois, passou a viver com uma mulher
cartaginense, com a qual teve um filho chamado Adeodato. O relacionamento dos
dois durou treze anos. Durante todo esse tempo, Santa Mônica rezava pela
conversão do filho.

Passando
por várias doutrinas

Agostinho
tornou-se um professor de retórica reconhecido. Chegou a abrir uma escola em
Roma e conseguiu o posto de professor na corte imperial situada em Milão.
Decepcionado com as incoerências do maniqueísmo, aproximou-se do ceticismo. 

Sua
mãe mudou-se para Milão e exerceu certa influência sobre seu comportamento.
Nesse tempo, também decepcionado com o ceticismo, Agostinho aproximou-se do
bispo Ambrósio (Santo Ambrósio de Milão). 

A princípio, queria apenas ouvir a
retórica excelente do bispo. Antes de se converter, Agostinho separou-se de sua
companheira após treze anos de relacionamento e ainda envolveu-se com outras
mulheres. Depois, porém, foi se convencendo da verdade sobre Jesus Cristo pelas
pregações de Santo Ambrósio. Sua mãe, ao mesmo tempo, não cessava de orar por
ele.

Conversão

Depois
das buscas incessantes pela verdade e de vários casos amorosos, Agostinho
finalmente rendeu-se à coerência da mensagem de Jesus Cristo. Encontrou em
Jesus o que não encontrara em nenhuma outra filosofia, em nenhum outro mestre.
Assim, ele e seu filho Adeodato, então com 15 anos, foram batizados em Milão
por Santo Ambrósio, durante uma vigília Pascal. A partir de então, passou a
escrever contra o maniqueísmo, que ele conhecia tão bem. Mas depois disso,
escreveu obras tão importantes que o tornaram Doutor da Igreja.

Sofrimentos

Agostinho
dedicava grande atenção a Adeodato formando-o na fé e nas ciências humanas. De
repente, porém, seu filho veio a falecer. Foi um grande choque. Por causa
disso, decidiu voltar para Tagaste. 

No caminho de volta, aconteceu que sua mãe
também faleceu. Agostinho menciona em suas “Confissões” a maravilha e o
alimento espiritual que eram os diálogos que ele tinha com sua mãe, Santa
Mônica, sobre a pessoa de Jesus Cristo e a beleza da fé cristã. Esses diálogos
foram decisivos para sua formação. E agora, com a morte da mãe, muita falta ele
sentiu dessas conversas restauradoras.

De
volta à terra Natal

Depois
de sepultar sua mãe continuou decidido sua volta para a terra natal. Ele chegou
a Tagaste no ano 288. Lá, optou pela vida religiosa. Junto com alguns amigos de
fé, deu início a uma comunidade monástica cujas regras foram escritas por ele
mesmo. Deste embrião nasceram várias ordens e congregações religiosas
masculinas e femininas, todas seguindo as regras e a inspiração “Agostiniana”.

Não
se coloca uma lâmpada debaixo da mesa

O
bispo de Hipona, percebendo a forte inspiração que Deus colocara na alma de
Agostinho, convidou-o para ir junto nas missões e pregações. 

O bispo, já idoso
e enfraquecido, vendo confirmada a sabedoria de Agostinho, ordenou-o como
sacerdote, o que foi aceito com grande alegria pelos fiéis. E, depois, em 397,
logo após a morte do bispo, o povo, em uma só voz, aclamou Santo Agostinho como
bispo de Hipona. 

Ele ocupou o cargo durante 34 anos, derramando toda sua
sabedoria nas pregações, nos livros, na caridade para com os pobres, na
espiritualidade profunda. Combateu heresias, tornou-se uma dos mais importantes
teólogos e filósofos da Igreja, influenciando pensadores até o presente. Foi
aclamado Doutor da Igreja e um dos “Padres da Igreja” por causa de seu
ministério iluminador. Entre os livros de maior destaque em suas obras, estão
“Confissões” e “Cidade de Deus”, livros autobiográficos que se tornaram
best-sellers ao longo de vários séculos e até hoje.

Morte

Santo
Agostinho faleceu feliz pela força da Igreja de Hipona, mas, ao mesmo tempo,
triste, por causa da invasão bárbara em Hipona, motivo de grandes perseguições
contra os fiéis. Sua morte ocorreu em 28 de agosto do ano 430. Mais tarde, em
725, seus restos mortais foram exumados e trasladados para a cidade de Pávia,
na Itália, onde são venerados na igreja de São Pedro do Céu de Ouro. A igreja
fica perto do local onde ocorreu sua conversão.

Oração
a Santo Agostinho

“Gloriosíssimo Pai Santo

Agostinho, que por divina providência fostes chamado das trevas da gentilidade

e dos caminhos do erro e da culpa a admirável luz do Evangelho e aos retíssimos

caminhos da graça e da justificação para ser ante os homens vaso de predileção

divina e brilhar em dias calamitosos para a Igreja, como estrela da manhã entre

as trevas da noite: alcançai-nos do Deus de toda consolação e misericórdia o

sermos chamados e predestinados, como Vós o fostes, a vida da graça e a graça

da eterna vida, onde juntamente convosco cantemos as misericórdias do Senhor e

gozemos a sorte dos eleitos pelos séculos dos séculos. Amém.”


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