Saiba por quê a região Sudeste passa por tanta chuva – cientistas explicam

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de março de 2020 às 11:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:26
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Franca foi a cidade paulista que registrou o maior volume de chuvas em janeiro de todo o Estado

​A ausência de variações de temperatura no Oceano Atlântico e o aquecimento global explicam as fortes chuvas que atingiram a região sudeste do Brasil em fevereiro de 2020, segundo especialistas. 

Neste mês, as quatro capitais da região apresentaram índices de precipitações acima da média histórica.

Os destaques foram:

  • São Paulo registrou o maior índice acumulado de chuvas em fevereiro desde o começo das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1943;
  • Rio teve o maior índice no mês desde 1996;
  • Belo Horizonte teve a maior marca desde 2014;
  • Vitória também registrou valor acima da média, embora em fevereiro deste ano tenha tido menos chuvas que no mesmo mês em 2019.

Segundo o meteorologista Cesar Soares, o aumento de chuvas na região pode ser explicado pela falta de variações de temperatura no oceano – essas alterações teriam afastado frentes as frias que causam concentração de tempestades, explica ele.

“As frentes frias vêm, provocam chuvas porque o verão é uma estação naturalmente chuvosa, depois se afastam para o alto mar. Sem as variações de temperatura, essas nuvens ficam paradas na costa sudeste de maneira geral e provocam chuvas por um período maior”, diz o meteorologista.

Para a cientista Márcia Zilli, que estuda o padrão de chuvas da região Sudeste com base em dados dos últimos 70 anos, o aquecimento global também é um dos fatores. O fenômeno, ao mesmo tempo em que diminui os períodos chuvosos, aumenta sua intensidade.

Efeitos das chuvas

As chuvas afetaram centenas de cidades nos estados da região:

  • Em Minas Gerais, 196 municípios decretaram estado de emergência
  • No Espírito Santo, foram 22 cidades;
  • a cidade de São Paulo travou e enfrentou um cenário de caos em 10 de fevereiro.

Em São Paulo, desde dezembro, segundo o relatório da Operação Verão, divulgado na sexta-feira (28) pela Defesa Civil, foram 24 mortes em decorrência das chuvas. 

A operação, que vai até 31 de março, lista um total de 587 desabrigados por causa das chuvas em todo o estado.

No Rio, as chuvas continuaram no começo de março e há previsões de que ela fique ainda mais forte. 

No últimi domingo (1º), a chuva deixou quatro pessoas mortas, 63 desalojadas e seis desabrigadas. 

O governo federal liberou no sábado (29) verbas para 35 cidades mineiras afetadas pelas chuvas no estado. 

Outros 161 municípios que também decretaram situação de emergência seguem à espera do dinheiro.


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