Saiba o que leva uma criança a respirar pela boca e ajude a corrigir

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de novembro de 2018 às 22:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:11
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Respirar pela boca não faz parte do desenvolvimento normal da criança, podendo causar uma série de distúrbios

É comum, ainda que os pais não saibam
ou não entendam muito bem, o motivo pelo qual o médico otorrinolaringologista
ou o ortodontista encaminhou o filho para uma avaliação fonoaudiológica, se
perguntando exatamente porque os filhos devem respirar pelo nariz, e qual
importância e as vantagens disto.

Respirar pela boca não faz parte do
desenvolvimento normal da criança. Ao contrário, a respiração oral causa uma
série de distúrbios para o indivíduo, desde uma simples mudança da postura
corporal até interferências no crescimento craniofacial.

A respiração nasal é condição ideal para
o bom funcionamento de outras funções, ela permite aquecer, filtrar e
umidificar o ar e se isso não ocorrer, o respirador oral pode desenvolver
infecções das vias aéreas superiores (ouvido, nariz e garganta).

O que pode levar uma criança a ter um
padrão de respiração oral?

Em geral, a respiração oral pode
decorrer de dois fatores: obstrução ou hábito.

O primeiro ocorre quando há alguma
doença obstrutiva do nariz ou da faringe que impeça a respiração nasal. Comumente,
nos recém-nascidos esta doença é a atresia de coanas, nas crianças
pré-escolares as principais causas são os quadros alérgicos (rinites) e a
hipertrofia das tonsilas (aumento da adenoide e/ou amígdalas). Já nos adultos é
comum graças a desvios de septo ou pólipos no nariz.

O segundo fator, o hábito, ocorre
quando o respirador continua utilizando a via oral mesmo depois de ter a doença
obstrutiva sanada.

As crianças que respiram pela boca
por muito tempo podem apresentar algumas alterações, tais como:

– projeção dos dentes para frente;

– mordida aberta ou cruzada;

– o palato (céu da boca) fica mais
alto e estreito;

– o rosto fica alongado, lábios
ressecados, lábio inferior evertido;

– lábio superior hipodesenvolvido;

– narinas estreitas;

– musculatura perioral hipotônica
(com pouca força);

– músculo do queixo (mentual) exerce
força excessiva ao tentar fechar a boca;

– acúmulo de saliva na cavidade oral
ou nas comissuras labiais (canto dos lábios).

Essas alterações interferem no
crescimento facial e desenvolvimento das estruturas orofacias e também nas
funções de mastigação, deglutição e na produção articulatória da fala
prejudicando a inteligibilidade, o entendimento, da comunicação oral.

O que os pais precisam observar?

A criança que respira pela boca pode
apresentar vários sinais e sintomas característicos da chamada “síndrome
do respirador oral”.

Os sinais que os pais devem observar
são: assistir à TV com lábios entreabertos, lábios ressecados, gengivas
inflamadas, ronco, sono agitado e pesadelos, dormir com a boca aberta, babar
durante o sono, apresentar olheiras e/ou aspecto cansado, podendo ficar
hiperativa ou sonolenta durante o dia.

Além disso, as crianças também podem
apresentar respiração barulhenta, voz rouca, dificuldade para se alimentar,
como por exemplo: comer rápido, mastigar pouco e beber líquidos para auxiliar
na hora de engolir.

Diagnóstico e tratamento

A investigação da causa da obstrução
é relevante para compreensão do problema e determinação da conduta terapêutica.
E quanto antes o diagnóstico e o tratamento, menor o risco de sequelas.

Pela diversidade das alterações
encontradas, muitas vezes será necessário a intervenção de mais de um
especialista como, por exemplo: o médico otorrinolaringologista e/ou alergologista
que irão diagnosticar a causa e prescrever o melhor tratamento naquele momento,
podendo ser medicamentoso ou cirúrgico; o ortodontista que fará as correções
dentárias necessárias seja interceptando o agravamento do problema, corrigindo
a má oclusão ou redirecionando o crescimento craniofacial; o fisioterapeuta,
por sua vez, atuará com as alterações de postura corporal.

O fonoaudiólogo é o profissional que
reeducará as funções da respiração, da mastigação, da deglutição e da fala,
através de um trabalho realizado, comumente, uma ou duas vezes por semana, no
melhor período e acompanhando o desenvolvimento de cada paciente. ele também
irá conscientizar esse paciente acerca do funcionamento da boca, do nariz, da
laringe, da faringe e dos pulmões. Além de educar, principalmente, sobre a
importância do uso da respiração nasal.

Para que o trabalho do fonoaudiólogo
ocorra com êxito, são solicitadas diversas tarefas nas sessões de fonoterapia,
dentre elas estão a limpeza e o uso do nariz durante as consultas, sendo de
extrema importância a motivação do paciente, com o desenvolvimento de
estratégias por parte do profissional.

Na maioria dos casos, não são
necessários todos os especialistas anteriormente mencionados. No entanto, é
imprescindível uma consulta com o médico otorrinolaringologista antes que o
problema seja abordado pelos demais profissionais. A escolha do fonoaudiólogo
também deve ser feita avaliando a especialidade desses casos, que é a
motricidade orofacial.


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