Refrescante e perfumado

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 23:13
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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O verão tem das suas peculiaridades e prazeres, muitos amam e outros declaradamente odeiam. Eu faço parte da turma dos que amam, não há nada que me deixe com mais disposição do que um belo dia de sol e céu azul. Não que eu não ame os dias nublados, cada um tem seus prazeres, mas os dias de sol me deixam imensamente disposta e de bem com a vida. Um dos meus grandes prazeres nessa época é um belo banho, um pra começar o dia e o outro pra terminar o dia com chave de ouro. O primeiro literalmente a famosa ‘ducha’ o segundo merece uns 10 minutinhos, pra relaxar e recompor energias do dia.

Mas e para tomar banho, qual seu tipo favorito de sabonete? Tem que prefira liquido, em barra, perfumado, sem cheiro, antibacterianos, com hidratantes, de glicerina pura… Seja como for, ele está presente nesse ritual. Mas de onde ele surgiu? Tudo indica que com os fenícios, 600 anos antes de Cristo, fervendo gordura de cabra com água e cinzas de madeira até obter uma mistura pastosa. A noticia da nova receita se espalhou pelos países do mediterrâneo e chegou até a Grã-Bretanha. 

Foram os celtas, antigos habitantes das ilhas britânicas, que o batizaram de ‘saipo’. O sabão sólido, porém, só foi criado no século VII, quando os árabes inventaram o processo de saponificação, a partir da fervura de uma mistura de soda cáustica, gordura normalmente animal e óleos naturais. Durante a ocupação da península ibérica, os espanhóis aperfeiçoaram a invenção acrescentando azeite de oliva para perfumá-la. Ainda na Idade Média, os maiores centros produtores de sabão eram as cidades italianas de Gênova e Veneza, além de Marselha, na França e Bristol e Londres, na Inglaterra. No restante da Europa, o sabão era quase que desconhecido, tanto que a nobreza italiana, francesa e inglesa, presenteava governantes de outras nações com uma caixinha de sabão com um papel descrevendo o seu modo de usar. 

O sabão só se tornou produto do dia a dia no século XIX, quando começou a ser fabricado industrialmente, barateando seu custo. Campanhas publicitárias na Europa e nos EUA promoveram uma conscientização popular da relação entre limpeza e saúde, o que levou ao uso universal do sabonete. Ele se tornou tão popular que o químico alemão Justus Von Liebig declarou que a quantidade de sabão consumida por uma nação era a melhor medida do seu grau de civilidade. 

Na época da revolução industrial a sua produção industrial era feita de modo grosseiro e em pequena escala, mas isso mudou em 1886 quando James e William Lever comparam uma pequena fábrica de sabonete em Warrington e fundaram o que ainda é uma das maiores indústrias de sabonete, primeiramente chamada de Lever Brothers e agora chamada Unilever. Porém a escassez de comida durante a primeira guerra mundial significou que óleos e gorduras para sabões eram limitados, o que levou ao desenvolvimento das primeiras alternativas químicas como o detergente, feito de surfactantes e aditivos. 

No anos de 1950 essas alternativas modernas superaram as vendas do sabão comum, e durante a última década os sabonetes líquidos se tornaram cada vez mais populares do que os em barra, em especial aqueles contendo agentes antibacterianos como o triclosan, que está atualmente sendo revisado pelo FDA (órgão regulamentador) dos EUA para descobrir se é eficaz ou mesmo prejudicial. Existem alguns receios que contestam o uso dessa substância, de que o uso excessivo poderia aumentar a resistência a antibióticos, e evidências científicas sugerem que é um ingrediente desnecessário já que os sabonetes são antibacterianos por natureza.

Já nos anos mais recentes já existem pesquisas mostrando que as vendas dos sabonetes em barra aumentaram 4,7% por causa desses estudos, que é dobro do crescimento dos sabonetes líquidos. A manufatura dos sabonetes mudou muito com o passar dos anos, primeiro encontramos uma maneira de não usar a gordura animal, depois sem o óleo de palma e agora sem petroquímicos. E essa evolução só beneficia o ecossistema e o nosso organismo, afinal se você acha que só é importante ler o rótulo daquilo que você come, como a se interessar pelas coisas que você usa no seu corpo também. Um pouco de pesquisa vale a pena para benefício da nossa saúde e tentar impactar menos o meio ambiente.

Um bom e refrescante banho para vocês nesse verão maravilhoso!

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.​


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