Quase 60% das famílias não incentiva os filhos à prática de exercícios

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de julho de 2018 às 23:25
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:53
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Fatores comportamentais são as principais causas para a obesidade infantil, alerta especialista

Segundo
dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), 41 milhões de crianças,
menores de cinco anos de idade, estão acima do peso ou em quadro de obesidade.
Ano passado, a entidade lançou novas diretrizes para lidar com este problema,
que já é considerado epidemia global.

Para a pediatra
Denise Lellis Garcia, a obesidade é um quebra-cabeças complexo. “Estudos já
relacionaram a epidemia da obesidade infantil com causas genéticas, falta de
aleitamento materno, uso de fórmulas infantis, tipo de parto, aumento do peso
da mãe durante a gestação, estresse gestacional, peso ao nascer, microbiota
intestinal e muitos outros. Mas, em minha opinião, as causas mais importantes
são as comportamentais”, afirma a especialista.

De acordo com o
estudo sobre obesidade infantil realizado pelo portal Trocando Fraldas (TF),
com 10 mil entrevistados, sendo 3,8 mil mães, foi mostrado que 4 em cada 9
mulheres começaram a introdução alimentar, além do leite materno, antes dos
seis meses de vida da criança. Outro dado que chama a atenção é o de que 59%
das famílias brasileiras não incentivam os filhos à prática de alguma atividade
física. Entre as mulheres jovens, de 18 a 24 anos de idade, este percentual
sobe para 69%.

Segundo o TF, o
risco de obesidade em crianças que não são incentivadas a nenhuma atividade
física aumenta em 50%. Cinco em cada nove crianças têm o hábito de comer em
frente a aparelhos eletrônicos. 

A pediatra acredita que um dos erros mais
comuns cometidos pelos pais é o de oferecerem alimentos aos bebês sob a
justificativa de que sentem vontade, já que a criança não pode sentir vontade
de alimentos que sequer conhece. “Outro erro é não respeitar os mecanismos de
fome e saciedade da criança e compará-los aos de uma pessoa adulta, que come
por impulso emocional também, sendo que os bebês só comem quando sentem fome.
Outro erro é substituir os alimentos recusados pela criança por aqueles que ela
aceita mais facilmente, sendo que para que a criança se acostume com
determinado alimento pode levar tempo”.

Pais são culpados?

Denise acredita que
não basta culpabilizar os pais pela condição dos filhos. “Hoje, com a forte
presença da mulher no mercado de trabalho, muitas crianças entram muito cedo na
vida escolar ou são cuidadas por outras pessoas, como avós e babás. Temos que
tomar esse cuidado quando nos referimos aos ‘pais’, porque na maioria das vezes
não são eles que introduzem os alimentos errados na vida de seus filhos”,
explica.

A pesquisa conduzida
pelo Trocando Fraldas mostrou que entre as crianças acima de 2 anos de idade, 3
em cada 5 entrevistados reclamam do excesso de peso da criança. Para 61% dos
entrevistados, os equipamentos eletrônicos representam um problema para as
crianças.

E quanto à criança acima
do peso, como lidar? A pediatra alerta que as críticas devem ser evitadas,
assim como dietas radicais, sem intervenção médica: “Culpar menos e acolher
mais a criança obesa, não submeter as crianças a dietas muitos restritivas, trabalhar
sua autoestima, imagem corporal, possibilitar a redução do sedentarismo na vida
das crianças, são ações tão ou mais importantes do que as intervenções
dietéticas”.


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