Quadrilha de jogo do bicho era informada de ações por policiais presos ontem

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de novembro de 2018 às 08:18
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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Treze são presos por suspeita de integrar quadrilha de jogo do bicho

Os três policiais civis presos na manhã desta quarta-feira (31) em Pitangueiras (SP) na Operação Quebrando a Banca são suspeitos de facilitar a ação do jogo do bicho comandada por uma organização criminosa na região de Ituverava (SP). Segundo o promotor Rafael Piola, do Grupo de Atuações Especiais de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, eles receberiam propina em troca de informações confidenciais.

“Pudemos detectar que agentes públicos acabaram se corrompendo por essa organização criminosa e eles recebiam vantagens indevidas. Eles passavam informações sigilosas de operações policiais, evitavam cumprir ordens superiores de outros policiais para investigar essa organização criminosa”, afirma.

Os valores repassados aos policiais, no entanto, ainda são alvos de investigação. Os suspeitos não tiveram os nomes divulgados. Eles foram levados à sede da Corregedoria em Ribeirão Preto (SP), onde prestaram depoimento, e deverão ser encaminhados a um presídio da polícia em São Paulo (SP).

Outras dez pessoas foram presas temporariamente pela força-tarefa entre o Gaeco de Franca (SP), a Corregedoria da Polícia Civil e o Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior (Deinter-3).

Os promotores do Gaeco de Franca Rafael Piola, Paulo Carolis e Cláudio Escavassini — Foto: Reprodução/EPTV

Atuação

Segundo o Gaeco, a quadrilha era investigada há sete meses e agia em Ituverava, Guará (SP), Pitangueiras e em pelo menos outras cinco cidades. A investigação apontou que parte dos integrantes já operava no estado de Goiás e passou a atuar no interior de São Paulo em 2015. Pai, mãe, filha e genro são considerados os chefes da organização e são donos de uma casa lotérica em Ituverava.

“O dinheiro era inserido em empresas privadas para criar uma imagem de que essa empresa produzia efetivamente alguma atividade, prestava algum tipo de serviço para justificar a integração desse dinheiro, do patrimônio dos investigados”, diz o promotor Paulo Carolis.

Treze pessoas foram presas na Operação Quebrando a Banca na região de Ituverava, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Treze pessoas foram presas na Operação Quebrando a Banca na região de Ituverava, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Os promotores afirmam que “gerentes” eram recrutados para atuar nas cidades vizinhas e eram responsáveis por gerir todo o jogo do bicho, fazer o recolhimento do dinheiro e repassar as ordens dos chefes.

“Os valores ainda não sabemos estimar, porque são altos valores mensais, inclusive já temos a ordem judicial de quebra de sigilo bancário não só das pessoas físicas, mas as pessoas jurídicas que eram utilizadas para lavar o dinheiro”, diz Piola.

Durante a operação nesta quarta-feira, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos. Segundo os promotores, em uma das residências funcionava uma banca de apostas do jogo do bicho. Documentos, dinheiro e máquinas foram apreendidos e serão analisados pelos investigadores.

“Toda contabilidade também era informal. Grande parte dessa quantia foi achada em fundos falsos, em esconderijos na residência. A gente consegue delimitar aquilo que foi formalmente declarado por meio de uma empresa utilizada para lavar dinheiro, mas a contabilidade informal, não declarada, ou o dinheiro que está oculto, a gente não consegue limitar”, afirma Carolis.

A princípio, os suspeitos deverão permanecer presos por cinco dias, mas o prazo pode ser prorrogado. Eles serão denunciados por organização criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro e contravenção por jogo de azar.


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