Projeto em Ribeirão orienta profissionais sobre violência contra crianças

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de janeiro de 2019 às 13:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:17
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Palestras do Centro de Medicina Legal da USP ajudam a identificar os principais sintomas apresentados

Um projeto do Centro de
Medicina Legal (Cemel) da USP de Ribeirão Preto ajuda professores e
profissionais de saúde da região a identificar crianças que estão sendo vítimas
de maus tratos e orienta como denunciar os casos.

A palestra destaca os principais sintomas que a criança
que foi violentada apresenta. Sinais como irritabilidade, problemas
respiratórios, falta de apetite e até mesmo vômito servem como um alerta para
os profissionais.

Além dos problemas visíveis, a palestra mostra que
existem também reações que não são vistas e que precisam ser identificadas.

De acordo com o professor do Cemel, Marco Aurélio
Guimarães, em muitos casos a criança não precisa apanhar para ter lesões sem
volta no cérebro. Dependendo da gravidade, um gesto de chacoalhar pode causa
até a morte. “Existem
algumas formas de violência em que a criança pode ter lesões externas não tão
visíveis, mas internas que levem a hemorragias gravíssimas e a morte. A
síndrome da criança chacoalhada, em que o movimento da cabeça da criança é
muito intenso, causa hemorragias graves no sistema nervoso central”, afirma
Marco Aurélio.

Mesmo
com a Lei da Palmada em vigor no Brasil desde 2014, o país registra em média
129 casos de violência física e sexual contra crianças todos os dias.

Segundo Marco Aurélio
Guimarães, os professores são obrigados a denunciar caso identifique indícios
de violência infantil. “O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que tanto
os professores como os responsáveis por estabelecimentos de ensino, desde
creches até escolas de ensino médio, têm a obrigação legal de denunciar caso
constate uma violência”, diz o professor.

A professora Fabiana Sacomani conta que em muitos casos
os educadores sabem que o aluno sofreu alguma agressão, mas não denunciam por
medo. “Principalmente, a educação infantil que a gente tem que
trocar a criança, a gente vê algumas coisas e ficamos em dúvida. A gente fica
com medo da família, com medo de relatar e não ser aquilo que a gente pensa”,
conta Fabiana.

Professor de Biologia, Fausto
Globbo diz que a palestra ajuda a identificação correta de marcas de possíveis
agressões e que qualquer suspeita deve ser denunciada. “O intuito do trabalho é causar o julgamento correto,
porque as marcas dirão se foi uma agressão ou um eventual acidente. Então,
estamos amparados na parte legal e podemos denunciar como suspeita. Se não
denunciar, essa agressão pode acabar se tornando óbito”, diz.

De acordo com a professora Fabiana, quem participa da
palestra sai mais consciente e confiante para denunciar. “Senti
mais segurança em poder relatar aos meus superiores o que acontece com a
criança. Sabendo que temos apoio, podemos tomar uma providência para evitar uma
tragédia depois”, conta.


+ Cidades