Produção des curtumes de Franca tem queda de 70% em abril, diz associação

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de junho de 2020 às 18:14
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:49
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Há uma expectativa de melhora no setor calçadista com a volta parcial das lojas e dos shoppings de Franca

A produção de curtume caiu cerca de 70% por conta da pandemia de coronavírus na região de Franca, um dos principais polos produtores de calçados do Brasil, de acordo com levantamento realizado pela Associação dos Manufatores de Couros e Afins (AMCOA).

O setor de couro, artigos para viagens e calçados foi o segundo mais prejudicado pela crise econômica causada pela Covid-19, com queda de 48,8% na produção durante o mês de abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com a chegada da doença à cidade, as fábricas ficaram fechadas por duas semanas, até meados de abril. As autoridades permitiram a reabertura, mas isso não foi suficiente para minimizar os impactos no setor, avalia o economista Adnan Jebailey.

“Apesar de ter tido a liberação através do decreto, havia muita incerteza em relação a quando o mercado de consumo voltaria a funcionar, porque não adianta você produzir se não tem quem consome. A outra quinzena não consegue compensar a produção perdida”, diz.

Reabertura do comércio

Há uma expectativa de melhora no setor calçadista com a volta parcial das lojas do Centro e dos shoppings de Franca, que reabriram as portas na segunda-feira (1º). O economista, no entanto, prevê que isso não será suficiente para ajudar os produtores de curtumes.

“O comércio depende de outro fator para voltar a demandar da indústria: o consumo das pessoas, o que a gente chama de demanda efetiva. Se não tiver gente comprando no comércio, ele não consome das indústrias”, explica.

O especialista também atribui o impacto negativo à queda nas exportações, já que os principais compradores do calçado produzido em Franca, que são os Estados Unidos e a Argentina, ainda estão atravessando a crise.

“Como a gente teve a evolução da pandemia Oriente–Ocidente, agora os Estados Unidos começam a se recuperar, mas com outras crises internas, e a Argentina prorrogou novamente a quarentena, então é pouco provável que aumente as exportações ou que a gente tenha um alento na economia”, afirma.

Nova realidade

O presidente da Associação dos Produtores de Couros, Ivan de Andrade, diz que grande parte dos curtumes está trabalhando somente dois ou três dias por semana e alguns ainda estão fechados. Ele avalia que o trimestre foi perdido.

“Todo o material de inverno que estávamos produzindo para ser entregue agora está parado. Essa parte vai ficar parada para o ano que vem. Este ano, o inverno já foi. Agora, que abriram as lojas, temos que desenvolver e mandar o verão”, diz.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (Sindifranca), José Carlos Brigagão do Couto, explica que o setor tem sofrido quedas desde a crise econômica de 2014 e, com o coronavírus, a situação se agravou.

Brigagão diz que está se reunindo com os governos municipal e estadual, além de entidades responsáveis pelo comércio e pelo empreendedorismo de Franca, para planejar a retomada da produção de calçados.


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