Prevenção: meia hora de exercícios por dia pode ajudar a evitar câncer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de agosto de 2018 às 15:58
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:56
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Cerca de metade da população não atinge sequer os 150 minutos recomendados pela OMS

Seguir aquela recomendação básica de
se exercitar por pelo menos meia hora por dia durante cinco dias na semana
poderia prevenir pelo menos 2.250 casos de câncer de mama e de cólon no País.

Se a atividade física fosse feita no
nível que provavelmente o ser humano tinha quando vivia em sociedades caçadoras
e coletoras, com cerca de 5 horas de exercícios diários, o potencial de
prevenção poderia ser de até 10 mil casos.

As contas, feitas por um grupo de
pesquisadores das Universidades de São Paulo (USP), Federal de Pelotas, de
Cambridge (Reino Unido), de Queensland (Austrália) e Harvard, foram publicadas
neste mês na revista científica Cancer Epidemiology.

A ideia foi cruzar o conhecimento
consistente que já existia de outros estudos científicos – que mostram os
benefícios da atividade física na proteção contra esses dois tipos de cânceres
-, com a incidência dessas doenças no Brasil e com a taxa de exercícios
praticados pelos brasileiros. O dado sobre a atividade física vem da Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2013. Segundo o trabalho, cerca de metade da população
(47,6%) não atinge nem sequer os 150 minutos semanais de exercícios
recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as mulheres, a
situação é pior (50,7%) que entre os homens (44,2%).

Os dados de câncer foram extraídos da
OMS e do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O câncer de mama é o mais comum
entre mulheres no Brasil e no mundo. Por aqui, responde por 28% dos casos novos
a cada ano. Para 2018, é estimado o surgimento de 60 mil registros. Para o
câncer de cólon, a estimativa é de 36 mil novos casos.

Cenário ideal

“A literatura científica já traz um bom entendimento sobre os benefícios,
mas não sabíamos ainda o impacto que isso teria no Brasil”, afirma Leandro
Rezende, doutorando em Epidemiologia na Faculdade de Medicina da USP e primeiro
autor de artigo. “A ideia foi comparar a carga de câncer atual registrada
no Brasil com a que seria observada se a população tivesse um nível de
atividade física ideal para a prevenção do câncer.”

Esse ideal, porém, admite o próprio
pesquisador, é um número que assusta. Seriam necessárias 5 horas de atividade
física diária para alcançar o máximo possível de prevenção – ou os 10 mil casos
a menos, o que corresponde a 2,4% do total de registros de câncer hoje no País.
“Falamos isso dentro de um cenário teórico ideal. O objetivo da pesquisa
não é dizer que tem de fazer isso, ainda mais considerando a vida de escritório
nas cidades.

A PNS mesmo mostrou que só cerca de
6% da população atinge isso hoje. É o que faz quem trabalha com atividades
ocupacionais e caminha o dia inteiro, por exemplo, ou alguns atletas”,
diz. “Para efeitos de prevenção ao câncer, é como se ninguém fumasse, não
tomasse álcool ou tivesse dieta perfeitamente saudável. É um cálculo sobre o
quanto seria possível evitar, em termos de prevenção de câncer, quanto a gente
conseguiria evitar”, complementa.

Queda

Em outra maneira de apresentar os dados, é possível dizer que 12% dos casos de
câncer de mama pós-menopausa e 19% dos de câncer de cólon são atribuíveis à
falta de atividade física no País. Com os 150 minutos de exercício por semana
recomendados pela OMS, seria possível prevenir 1,3% dos registros de câncer de
mama e 6% dos de cólon. À medida em que se aumenta a atividade física, os casos
vão caindo mais.


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