Preços nos supermercados apontam deflação pelo segundo mês consecutivo

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  • Publicado em 19 de abril de 2018 às 17:53
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:41
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Índice calculado chega a 0,51% de deflação em 2018; queda é registrada em 81% das categorias de produtos

Quedas dos preços das aves foram de 6,12% no período analisado

​O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE – Associação Paulista dos Supermercados Regional Ribeirão Preto caiu 0,41% em março, no comparativo ao mês de fevereiro, o que fez o índice ficar em 0,51% no acumulado de 2018. Em apenas sete vezes dos 24 anos de histórico o mês de março apresentou deflação. Se considerarmos os últimos 12 meses esta redução de preços é ainda mais forte, com 2,13%.

“A persistência na baixa de preços nos alimentos é a conjunção de desempenhos cada vez melhores da agroindústria em produtividade, o que aumenta a oferta de produtos. Um mérito deste importante setor brasileiro que alavancou o país na saída da crise”, explicou o economista da APAS Thiago Berka, que pondera: “O consumidor brasileiro, que apesar da manutenção da renda média e massa salarial em bons patamares para uma crise tão grave, ainda sofre com índices de desemprego muito altos, o que encolhe demais a base consumidora”.

Para o economista, uma forma de os supermercados manterem suas vendas com esse novo crescimento do desemprego são potencializar iniciativas como programas de fidelidade, ofertas e promoções. “Tais práticas tem sido a tônica para tentar manter o volume de vendas em patamares aceitáveis em detrimento das margens líquidas”, concluiu Berka.

Índice de Preços dos Supermercados (IPS/APAS)

Das 27 subcategorias que compõem o IPS, apenas cinco apresentaram aumento, sendo praticamente o mesmo cenário de fevereiro.

 Fonte: APAS/FIPE

Destaques de março

Na análise individualizada, o destaque do mês de março em relação a fevereiro na deflação ficou novamente com proteínas: as quedas dos preços das aves foram de 6,12%; das carnes suínas de 0,46% e, das carnes bovinas, de 0,43%. Essas reduções tiveram grande peso no índice. Os pescados, que normalmente sobem no mês devido à quaresma e ao feriado de Páscoa, ficaram estáveis, com leve alta de 0,06%. O feijão chegou à 15º deflação seguida e caiu 1,73%.

“Nas três principais proteínas (bovina, suína e aves), o movimento de queda nos preços possui a mesma explicação de fevereiro: a demanda fraca devido ao desemprego, causado pelas demissões de temporários contratados na época de festas de fim de ano, o que é comum e sazonal. Além disso, houve também o fechamento de mercados importantes de exportação, que forçam a escoação no mercado interno. Para fechar o cenário, a oferta só aumenta nos Estados produtores. Como exemplo, no Mato Grosso do Sul, que tem um rebanho importante nacionalmente de bovinos, o aumento foi de 13% no bimestre de janeiro e fevereiro, comparando 2018 com 2017. Os preços, portanto, desabam”, avaliou o economista da APAS.

Em relação ao produto típico de Páscoa, na categoria Doces – que envolvem os chocolates, bombons, sorvetes, balas e doces em geral – a queda foi de 2,47%, valor que surpreendeu o setor, pois, ao serem analisados os meses de março e abril, que é quando a Páscoa ocorre dependendo do ano, esta é a maior deflação para a data comemorativa já observada.

“Nesta categoria não estão inclusos os ovos de páscoa, porém, mesmo assim, podemos concluir que a batalha pelo consumidor foi, assim como no Natal, via preços dos produtos. Os brasileiros buscaram as promoções e mostraram certa mudança em seu comportamento de consumo, como por exemplo, mudaram dos ovos de chocolate para as caixas de bombom e chocolate em barra”, comentou Berka.

Produtos In Natura (Hortifrutigranjeiros)

Os produtos in natura (hortifrutigranjeiros) voltaram a subir, totalizando 1,88% em relação a fevereiro. Este aumento foi principalmente devido aos ovos, que aumentaram 3,69%, e as frutas, que cresceram 5,88%.

“Nos ovos este resultado já era esperado, pois o produto alcança seu pico de preços em fevereiro e março para então seguir um ritmo de queda. Este avanço em preço se dá pela forte demanda ocorrida pelo período religioso da Quaresma. Em 2017, o acumulado até abril foi de 6,63%, mas o ano terminou com deflação de -6,54%. Portanto, esta alta é um padrão histórico para o produto e não deve gerar mais pressões inflacionárias para o resto do ano”, disse Berka.

Na categoria das Frutas, os principais aumentos foram os da laranja (12,64%) e da banana (6,37%). De acordo com economista da APAS, “esse é o maior aumento da laranja na história para o mês de março mesmo para um período de entressafra – fevereiro e março. As bananas nanica e prata também estão em entressafra, porém a perspectiva é de queda para os próximos meses devido a uma possível superprodução no Vale da Ribeira, em São Paulo”.

Bebidas

Os preços das bebidas alcoólicas caíram 0,42% em março, principalmente por conta da Cerveja, que teve redução de -0,78% e, no acumulado do ano, caiu 1,53%. Nas bebidas não alcoólicas também foi observada queda de 1,20%, chegando a um total de deflação de 1,33% no ano. O grande responsável por esse número foram os refrigerantes, que reduziram 1,78%.

Produtos de limpeza.

Nos produtos de limpeza, a APAS observou queda de 0,23%, praticamente o mesmo valor de fevereiro. Apesar de duas quedas consecutivas, os preços desta categoria estão em alta de  0,68%, o que permite preços mais contidos após a aceleração observada em janeiro.

Higiene e Beleza

Nos artigos de higiene e beleza a deflação em março foi de 1,22%, atingindo queda de 1,69% no ano. Para os cremes dentais, a redução foi de 2,93%, e, para os desodorantes, queda de 2,93%.

Os 10 produtos que apresentaram as maiores variações negativas

 Fonte: APAS/FIPE

Os 10 produtos que apresentaram as maiores variações positivas

Fonte: APAS/FIPE

Nota Metodológica

O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.


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