Preço médio de um funeral passa de R$ 1,2 mil para R$ 2,5 mil em 10 anos no país

  • Entre linhas
  • Publicado em 22 de dezembro de 2019 às 11:59
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:10
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Segundo o Sindicato dos Cemitérios do Brasil, planos funerários custam de R$ 30 a R$ 300 por mês

​“A única certeza da vida é a morte.” A frase, dita em diversos momentos da vida, pode ser uma das justificativas pela qual diferentes atores do setor funerário e cemiterial afirmam que não enfrentaram retração nos anos de crise vividos no Brasil. 

O fato por si só é um lucro, já que diversos segmentos sofreram baixas desde 2014. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abrasif), pode-se esperar um crescimento em torno de 3% em 2020. Alguns fatores explicam a situação do setor, que ainda não é consolidado e está em crescimento.     

De acordo com o presidente da Abrasif, Maurício Costa, a maneira de o ser humano se relacionar com a morte mudou. “Há 10 anos, a média de custo de um funeral era de R$ 1.300. Atualmente, gira em torno de R$ 2.500”, afirma. Ou seja, um aumento de 92% no período. 

Para ele, o fato de um funeral e um sepultamento serem uma “necessidade básica do ser humano” faz com que o setor não sofra grandes baques.

Outro fator de influência no crescimento foi a adesão de parte da população a planos funerários. “O crescimento é maior porque, em 2018, tivemos um projeto aprovado que habilitou essa venda pelas empresas do setor funerário”, explica.     

De acordo com a presidente do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), Gisela Adissi, os planos funerários custam de R$ 30 a R$ 300 por mês. 

Apesar da nova opção, Gisela aponta que só 10% das famílias têm um planejamento para este momento da vida, sendo que 90% das mortes são anunciadas. “Em termos práticos, as pessoas estão deixando para resolver mais na hora. A gente lidava de outra forma com a morte. 

Atualmente, expressamos cada vez menos. Estamos em uma era que esconde as tristezas”, diz.    

A consultora de gestão de luto, que trabalhou por 18 anos em um cemitério, observa que a mudança de gerações também influenciou no mercado da morte. “Antigamente, a posse de um jazigo estava vinculada a um status da família. Hoje, não vemos isso”, afirma. O jazigo é o local onde as urnas funerárias, conhecidas popularmente como caixões, são enterradas. Gisela afirma que o preço de um pode variar de R$ 3 mil a R$ 1 milhão. “Os mais caros podem chegar a ter 16 gavetas e o mais barato, geralmente, tem  duas”, explica.     

A presidente do Sincep confirma que o setor tem preços muito variáveis e acredita que, como todo outra área de atividade, é suscetível a crises, apesar de a morte ser algo cíclico. “As pessoas vão morrer? Vão. Mas a qualidade do serviço, a localização, o tamanho da cidade e outras coisas compõem um conjunto de indicadores do sucesso de uma empresa desse setor”, reforça.    

Gisela define o setor funerário e cemiterial como uma categoria que está sendo muito visada, mas ainda não é consolidada. “É um setor estável, de alta lucratividade, mas com um nível de governança baixa, porque temos empresas de médio porte”, ressalta. Maurício concorda e afirma que não há nenhuma grande empresa dona de um monopólio. “São empresas pequenas, em sua maioria, familiares”, aponta.


+ Economia