​Plano Industrial do Governo promete atender pequenas e médias empresas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de dezembro de 2015 às 12:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:33
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Governo e parceiros vão avaliar processo de produção e ajudá-las com capacitação e sugestões

Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Foto Agencia Brasil)

A nova versão da política industrial brasileira, em tempos de ajuste fiscal, será um programa para melhorar a produtividade de 3 mil empresas de pequeno e médio portes por meio de parcerias com entidades como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Sebrae.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, afirmou ontem que as políticas industriais dos últimos anos foram sacrificadas pela situação macroeconômica. 

E que seria “temerário” lançar, neste momento de ajuste, nas políticas fiscal e monetária um programa de gastos e com grandes metas que não seriam alcançadas novamente.

“Vamos tratar a política industrial com um foco mais microeconômico. Programas para melhorar a produtividade, independentemente de questões de infraestrutura, taxa de juros, melhoria do sistema tributário, que são agendas complexas e que vão demandar tempo”, afirmou. 

O governo e seus parceiros vão avaliar o processo de produção dessas empresas e ajudá-las com capacitação e sugestões para mudanças nas formas de gestão, por exemplo. Também é objetivo do governo tornar-se parte dessas companhias exportadoras.

Em um primeiro momento, serão abordadas empresas dos setores de vestuário, moveleiro, metal- mecânico e alimentos e bebidas. O ministro afirmou que, posteriormente, a ideia é incluir outros setores e criar ainda uma linha de crédito para que essas empresas possam renovar máquinas e equipamentos.

“Não estamos falando de taxas de juros subsidiadas, mas de uma linha à luz das condições que temos. Não vamos oferecer algo que, no processo de ajuste, não seja possível.”

Sobre ações pós-ajuste fiscal, que poderiam ser adotadas num prazo de dois anos, o ministro defendeu a desoneração de insumos industriais, como a conta de luz, em vez de medidas que privilegiem setores eleitos pelo governo.

Monteiro disse ainda que a medida mais importante da política indústria recente foi a alta do dólar. “Este ano se caracterizou por uma virada na balança comercial. Temos de aproveitar essa janela que o câmbio nos deu de oportunidade para retomar os canais de exportação. Em 2016, vamos colher resultados ainda mais expressivos.”

O superávit da balança estava em US$ 16,6 bilhões até a semana passada e deve chegar a US$ 35 bilhões no próximo ano, segundo projeções do ministério. Monteiro afirmou que o Brasil teria mais US$ 30 bilhões de receitas se os preços da soja, do petróleo e do minério de ferro estivessem nos níveis de 2014. 

Para o ministro, alguns preços agrícolas podem se recuperar em 2016, mas o grande destaque do País deve ser o aumento na exportação de manufaturados, como veículos, também com a ajuda do dólar.

Questionado sobre o estudo para taxação das importações de aço, uma demanda da indústria nacional desse setor, afirmou que o governo queria tomar uma decisão até o final do ano, mas que a troca no comando da Fazenda deve adiar qualquer anúncio por algumas semanas.

“Há um surto de medidas protecionistas nessa área no mundo. O Brasil não pode ficar inerte, mas o governo tem adotado posição cautelosa nessa área. Não há decisão ainda.”


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