Pesquisadores identificam benefícios do óleo de pequi para o organismo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de maio de 2018 às 19:14
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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Óleo da fruta típica do cerrado ajuda a reduzir dores musculares produzidas por inflamações

O Caryocar brasiliense, popularmente
conhecido como pequi, fruta nativa do cerrado brasileiro, é muito utilizado na
culinária sertaneja. Dele também é extraído um óleo, chamado azeite de pequi,
com propriedade medicinal para o tratamento de infecções brônquio respiratórias
em crianças. O que poucos sabem é que esse mesmo óleo tem se tornado um grande
aliado entre os malhadores para ajudar na recuperação muscular.

Desde de 1998, o óleo de pequi é
objeto de estudo da Universidade de Brasília (UnB). As primeiras pesquisas
foram desenvolvidas em animais de laboratório, aprovados pelo Comitê de Ética
do Uso Animal. “Posteriormente, selecionamos um grupo de voluntários que
praticava corrida de rua e maratona — devido ao grande desgaste físico desse
esporte. Em todos os casos, conseguimos demonstrar propriedades fitoterápicas e
nutracêuticas (alimento com ação de medicamento) do óleo de pequi”, explica o
pós-doutor em ecotoxicologia, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas e
coordenador do Laboratório de Genética da UnB, César Koppe Grisólia.

Mais de 15 artigos científicos foram
publicados desde então. “E ainda estamos com parcerias nos laboratórios da
Universidade de São Paulo (USP), com outros viés de estudos”, completa César.

O jornalista Virgílio Ribeiro, 39
anos, é um dos beneficiados por esses estudos. Corredor de rua há
nove anos, ele usa, com indicação de nutricionista, o óleo de pequi em
cápsulas, desde agosto de 2017, para complementar e auxiliar nas atividades
físicas. “Percebi mudanças no meu organismo, minhas dores musculares
diminuíram. Sou amante do óleo e sempre sugiro o uso para pessoas próximas, mas
sempre com recomendação nutricional.”

Os estudos comprovam que o óleo de pequi traz
diversos benefícios para o organismo. “Proteção cardiovascular, menos
inflamação muscular, redução de danos no DNA das células, menos estresse
oxidativo (quando a prática de exercícios físicos é de longa duração e
intensidade), prevenção de doenças degenerativas e auxílio na redução de
pressão arterial são algumas das vantagens elencadas na pesquisa”, ressalta
César.

O pequi é um excelente ingrediente na culinária, mas nem todos o
apreciam, seja pelo sabor, seja pelo aroma marcante. “O uso das cápsulas
favorece aqueles que não gostam do sabor da fruta. Qualquer indivíduo pode
ingerir diariamente o óleo de pequi. O indicado é consumir duas cápsulas de
400mg ao dia, porém é importante saber que o uso de todos os fitoterápicos deve
ser moderado”, ensina César.

Ousadia

A cantora e funcionária pública Maria Luisa Sousa, 40 anos, ouviu
falar sobre o óleo de pequi em cápsulas e decidiu tomar por vontade própria. O
motivo foi para prevenir doenças cardiovasculares, já que há casos da
enfermidade na família materna, e para se livrar das dores musculares após a
prática de musculação, pilates e ciclismo. “Minha experiência foi há cinco
meses. Desde então, nunca mais parei de comprar e usar. Minhas dores musculares
diminuíram, meu intestino ficou mais regular e até me arrisco a dizer que me
sinto mais disposta em tudo na vida.”

Segundo Michelle Mendes, nutricionista
funcional e oncologista da Aliança Instituto de Oncologia, o fruto do pequi é
rico em vitaminas, minerais, carotenoides, ômega 9 e ácido palmítico, além da
facilidade de se dissolver em gorduras, óleos vegetais e lipídios em geral.
“O ômega 9 é um tipo de gordura importante para a saúde, porque reduz a pressão
arterial, o colesterol, aumenta o HDL, acelera a oxidação de gorduras, reduz a
inflamação, melhora a plasticidade neuronal (capacidade do cérebro em
desenvolver novas conexões), melhora o metabolismo cardiovascular, entre
outros”, acrescenta Michelle.

Romy Tokarski, CEO da Naiak, uma das
empresas que comercializam o óleo de pequi, diz que, desde o início de 2016,
existem pessoas consumindo as cápsulas, porém, por ser um produto bastante
regional e pouco conhecido fora de Goiás, a demanda anda é pequena. “Mas isso é
questão de tempo. Acreditamos que o uso é crescente, pelo grande diferencial de
embasamento científico que o óleo de pequi possui, o que é difícil no Brasil.
Há até expectativa no uso do óleo para o tratamento coadjuvante do câncer.”

Segundo Romy, os consumidores são
variados, mas a maioria são atletas — homens e mulheres acima de 35 anos.
“Sempre recebemos feedback do uso do óleo em cápsulas. O principal relato é a diminuição
de dores após exercícios físicos e a diminuição da dor inflamatória em doenças
crônicas. O caso mais inusitado que chegou até nós foi de um médico. Ele deu as
cápsulas para seu cachorro, que estava muito idoso e com dores articulares.
Após a ingestão, voltou a andar”, enfatiza Romy.

Benefícios

– Atletas praticantes de meia maratona
mostraram uma melhora significativa nas lesões oxidativas do DNA — exercícios
de alta intensidade aumentam a oxigenação, produzindo mais radicais livres, o
que favorece o aparecimento de lesões;

– O uso de óleo de pequi previne
lesões, estresse oxidativo e normaliza a pressão arterial (benefícios
característicos do Ômega 9);

– Estudos em ratos mostram que, quando
o tratamento quimioterápico é associado com o óleo de pequi, o organismo sofre
menos danos. Porém, mais estudos precisam ser feitos;

– Pode ser utilizado por qualquer
pessoa que tenha um estilo de vida saudável, com objetivo na prevenção de
doenças.


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