Pesquisa da Unesp revela uso do óleo de buriti nos cremes vegetais

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de julho de 2017 às 09:14
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:14
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O creme vegetal é formado por uma mistura de óleo de buriti e água e não possui leite e derivados

O óleo de buriti, usado na região do Maranhão para tratamento de pele como infecções e picada de cobra, entre outras aplicações, também poderá ser usado para fins alimentícios. 

É o que diz uma pesquisa desenvolvida na Unesp de Rio Preto que mostra como o óleo de buriti pode melhorar as características nutricionais do creme vegetal à base de óleo de palma, usado na alimentação caseira, no lugar da manteiga e da margarina.

”A intenção desta pesquisa é agregar o valor nutricional do óleo de buriti no creme vegetal”, diz o responsável pelo estudo, Pedro Alberto Pavão Pessôa, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), da Unesp em São José do Rio Preto.

O creme vegetal é formado por uma mistura de óleo e água e não possui leite e derivados. “O óleo de buriti tem substâncias que contribuem com a cor, aroma e sabor sem o uso de aromatizantes e corantes no produto”.

Outro dado importante, diz o pesquisador, é que o óleo apresenta vitaminas A e E, ácido oleico (ômega 9), fitosteróis, tocoferóis, substâncias importantes pelo seu valor nutritivo e ação antioxidante, diz Pedro Pessôa que tem formação em química e, atualmente, é professor do Instituto Federal do Maranhão (IFMA).

A extração do óleo de buriti foi feita a partir da polpa do fruto, por meio de prensagem a frio (método de extração que garante um óleo 100% puro e natural) no laboratório do Instituto Federal, além do óleo doado pela empresa, Fazenda Água Boa, localizada no povoado Brejinho, em Caxias, Maranhão, que faz a extração de forma artesanal. 

Foram produzidos dois tipos de cremes vegetais, cada um com um dos dois óleos de buriti.

Pedro explica que a adição do óleo de buriti no creme vegetal ficou limitada a 2%. Segundo ele, percentuais superiores comprometeram o sabor, o aroma e a cor característicos do creme.

A partir da produção dos cremes, alguns consumidores avaliaram sensorialmente o produto, empregando escala de 0 a 9 pontos. 

A média dos avaliadores foi de 7,8 para aparência e 7,0 para cor, aroma, textura, sabor e aceitação global. “Esta pontuação indica que gostaram do produto”.

Com relação à pesquisa sobre a intenção de compra, numa escala de 0 a 5 pontos, a média dos avaliadores foi de 4, indicando que os avaliadores provavelmente comprariam os produtos.

De acordo com a professora Neuza Jorge, do Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos, “a aplicação do buriti em creme vegetal surge como alternativa para o uso desse fruto, uma vez que esse produto é consumido em larga escala pela população das regiões Norte e Nordeste e, ao mesmo tempo, poderá agregar valor econômico ao fruto e contribuir com a economia local”.

Além do Maranhão
A origem do buritizeiro é na Região Amazônica. No entanto, sua área de distribuição abrange os países da Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Trinidad e Tobago, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

No Brasil, é encontrado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-oeste e Sudeste (apenas no estado de Minas Gerais). No Norte e Nordeste, a maior predominância está na Zona dos Cocais, que corresponde a uma formação vegetal que se encontra entre a floresta Amazônica, a caatinga e o cerrado, ocupando uma faixa que engloba Estados do Maranhão e Piauí.

O uso no Maranhão
O buriti é uma palmeira muito utilizada para a confecção de móveis, cobertura de casas, vassouras, linha para costura, redes, tapetes, ração para animais, artesanatos, doces, sorvetes, sucos, geleias, óleos, vinhos, palmitos, adubos, entre outros usos.

O projeto teve financiamento da Capes, por meio do doutorado interinstitucional (Dinter) feito pela parceria do IFMA com a Unesp de São José do Rio Preto (Ibilce).


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