Peça “[ensaio sobre o luto] ou as imagens da ausência” estreia na quinta, 14

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  • Publicado em 12 de julho de 2016 às 17:53
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:51
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Encenado pelo Grupo Quarentena e contemplado pelo PROAC, espetáculo terá segunda exibição na sexta, 15

Atores do grupo de teatro e pesquisa Quarentena, durante ensaio da peça que estreia dia 14

Ele nasceu em 2015 através da união de sete atores: Elisa do Nascimento, Gabriel Lima, Jefferson Bismark, Luana Cardoso, Rafael Bougleux, Robson Bernardes e Rosa Campos, que movidos pelo desejo de criar e produzir teatro a partir da linha de pesquisa do ator e diretor Rafael Bougleux, que se fundamenta na relação entre o teatro e a imagem, criaram o Quarentena, grupo de teatro e pesquisa. E foi em 2015 que o primeiro trabalho deles – “[ensaio sobre o luto] ou as imagens da ausência” foi contemplado com o PROAC – Programa de Ação Cultural mantido pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. “Foram 305 projetos inscritos em todo o estado de São Paulo e nós fomos um dos 10 projetos contemplados. Cada projeto recebeu um aporte financeiro de R$ 50 mil para a realização de um processo de montagem, pesquisa e estreia de uma peça de teatro, pelo período máximo de 10 meses”, explica Rafael. Com isso, o grupo promoverá nos próximos dias 14 e 15 de julho as primeiras apresentações da peça “[ensaio sobre o luto] ou as imagens da ausência”, no Teatro Municipal de Franca.

Segundo os atores, o público pode esperar uma peça imagética e fragmentada. A principal referência, Roland Barthes, teve na ausência de sua mãe o impulso para uma escrita fragmentada e esporádica, que em um duplo movimento o fazia ausente de sua própria ausência. “Barthes não se deteve em colocar na escrita seus sentimentos ou emoções, nem mesmo em definir o seu ‘luto’ ou estado de espírito, era apenas uma tentativa de permanecer, de continuar os dias”, observa Rafael, acrescentando que, desta forma, manteve a desconstrução da linearidade, e a negação da narrativa dramática, que existe e é defendida na escrita de Barthes, nesse espetáculo. “Apresentaremos em cena os desdobramentos da ‘ausência’, intrínseca ao ‘eu’ em estado de luto. Este ‘eu’, que não será recriado em cena, numa tentativa dramática e frustrante de copiá-lo, mas que será criado por discursos imagéticos, pelo próprio movimento de sua apresentação em cena”, completa.

A perda

Segundo o ator e diretor Rafael Bougleux, a escolha do tema foi feita porque o luto é algo que toca e inquieta

A escolha do “luto” foi feita por ser um tema que toca e inquieta os atores, uma vez que é um processo inerente ao sujeito que vive e, consequentemente, se relaciona com o outro. O “luto é um rito de passagem” que as vivenciam para entender que o sujeito amado/querido não voltará mais. “O ‘luto’ é um processo indesejado, mas necessário e inevitável – assim foi quando, no ano passado, perdi meu grande amigo e mestre, Daniel Franco”, revela Rafael, que completa: “acreditamos também na importância do tema, na necessidade de colocá-lo em evidência, uma vez que, cada vez mais, nossa geração tenta ‘esconder’, ‘esquecer’ que somos seres finitos – e isso não é necessariamente uma verdade ruim, apenas uma verdade mal trabalhada e discutida, que esta peça se faz urgente, a qualquer sujeito”. Dessa forma, a peça pretende estabelecer um diálogo com o público. “Apresentaremos uma peça que sintetiza a visão e a compreensão mais honesta que os atores deste grupo podem oferecer sobre este processo inevitável a todo ser vivente”, reforça o diretor e ator.

Após as duas apresentações em Franca, o grupo se apresentará no dia 22 de julho em Batatais, 23 de julho em Cristais Paulista, 24 de julho em Pradópolis, dias 29 e 30 em Ribeirão Preto e, dia 31, em Orlândia.


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