PARALELO COM A PARTITURA

  • Fofocas Musicais
  • Publicado em 11 de janeiro de 2019 às 10:37
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:23
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Às vezes me perguntam na Assessoria para professores, como identificar o comportamento do aluno através da partitura.

Aqui vai uma pequena dica inicial:

  • Mostre uma partitura aparentemente difícil mas que na verdade é repetitiva. Por exemplo, esta:

Então vamos por partes. O aluno já é alfabetizado, mas lê somente partituras simples, às vezes cifradas, somente clave de sol ou sem muitas notas. Quando ele vê esta partitura, de imediato se assusta e pensa: – ai meu Deus, vou sofrer com esta professora, olha só que partitura difícil, quantas notas! Não entendo nada do que está aí.

Primeiro: – este aluno foi moldado para estudar somente o fácil. Isso limitou sua capacidade de análise, se tornando uma pessoa insegura. Este é o primeiro ponto: sente medo da partitura. E como sabemos que existe uma reverberação no sentido vai e vem, se o aluno tem o hábito de encarar e ler e enfrentar, ele fará isso na vida também, seu comportamento se estende para outras áreas da vida. Se ele tem o hábito de olhar e se assustar, quer somente o imediato, não consegue parar, analisar e ver o quanto este exercício é fácil, repetitivo, tem o mesmo desenho, sobe e desce, ou seja, na vida ele nem vai experimentar algo novo porque o medo irá paralisá-lo.

Então você mostra que existe um desenho que se repete e que ele vai fazer a mesma coisa percorrendo o piano, que nem vai precisar pensar, nem vai precisar ler, porque é tudo igual.

As reações:

  • Ufa… Que alívio, vou experimentar então.
  • Ah.. Mas tem notas demais, eu não sei se vou conseguir.
  • Ah .. Mas eu nunca fiz isso antes, não vou dar conta.
  • Mas vou levar um tempo pra aprender esta nova forma.
  • Mas pra que serve isso? Tenho mesmo que fazer?
  • Será que meus dedos vão obedecer?
  • Nossa… Que ridículo, eu pensei que fosse difícil, mas é só aparência.
  • Poxa… Fiquei até com vergonha agora, é óbvio demais.
  • Ah mas… Quanto tempo vou demorar pra tocar fluente?
  • Eu não sabia que poderia percorrer o piano todo logo no início… Que bacana !

E por aí vão os comentários mais diversificados. Em cada um deles você pode identificar um comportamento, que não significa que seja permanente, mas que naquele momento está dominando a pessoa.

Então, o primeiro passo é mostrar além do que se vê.

Tirar os olhos da foto geral do exercício e focar apenas num trecho (um compasso).

Fazendo isso, a pessoa vai perceber que este ‘ modelo ‘vai se repetir o tempo todo percorrendo um grande trecho do piano. E ela ficará feliz (ou ainda não) em ver que pode se aventurar mais!

Tudo vai depender de como aquela pessoa REAGE a algo novo e aparentemente difícil.

Ela encara ? Foge? Quer sair da aula porque tem medo de não conseguir? Fica apavorada? Sente-se confiante porque afinal a professora lhe deu algo mostrando que ela é capaz?

Como reage esta pessoa?

Gosto muito de lecionar para crianças e adolescentes porque eles embora apresentem este medo, logo enfrentam e tentam e tentam de novo e se sentem felizes por verem que conseguem. O adulto, mais resistente, em geral coloca barreiras, mas tem aqueles acostumados a lidar com desafios, encaram e se desenvolvem rapidamente.

A princípio analisamos um detalhe, um comportamento, mas acima citei 10 respostas ao mesmo exercício. Cada uma com um enfoque diferente. A partir daí podemos imaginar como será o curso deste aluno, como ele irá encarar as propostas, o quanto está disposto a receber e a investir em si mesmo, etc.

O brasileiro muitas vezes tem mania de querer simplificar tudo. Quando lhe apresentam algo que PARECE ser difícil, ele resiste.

Com isso, alguns professores desistiram de ensinar a leitura de partitura aos alunos e simplificaram o máximo que puderam, lançaram aulas na internet pelo youtube, aplicativos, metodologias diversas alegando que o importante é ser feliz e não sofrer para aprender.

Discordo em gênero, número e grau que seja um sofrimento aprender a ler. Se assim o fosse, a maioria seria analfabeta em seu idioma porque se aprender a ler é tão difícil, deveríamos criar símbolos para facilitar, ler por gravuras, gráficos, desenhos, etc.

Por este e outros motivos, escrevi dois livros: A HORA DE TOCAR PIANO eO PIANO UM ESCULTOR DA ALMA, no intuito de informar às pessoas sobre o que é estudar piano.

Na entrevista inicial que adotei com família e aluno, percebo quais as reais intenções e peço que leiam os livros se eu perceber que realmente se interessam em aprender. Se quiserem um passatempo ou um hobby, não é meu caso. Existem várias formas de se dedicar à música e cada pessoa tem sua digital única, e vai escolher de acordo com sua busca.

Hoje, deixo claro que ensino o todo: ler, tocar, interpretar, analiso comportamento, aplico PNL. É necessário se colocar para receber o ensinamento. O aluno precisa adquirir INDEPENDÊNCIA, saber ler qualquer coisa relacionada à música e depois se expressar, se desenvolver. E esta é a minha opção: alfabetizar com o clássico. Quem não estiver preparado para isso ou não se identificar, vai perceber nos meus livros e certamente irá procurar outra didática. Isso é natural! São escolhas!

Temos muito a falar ainda sobre esta pequena mostra. Se fôssemos discorrer sobre cada reação de aluno, veríamos uma tese comportamental. Mas não é o caso. É somente um alerta!

“Empodere” as pessoas!

*Esta coluna é semanal e atualizada aos domingos.​


+ zero