Pandemia: gastos com alimentação representam 10% do orçamento

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de outubro de 2020 às 12:24
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 23:45
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Com o auxílio emergencial e a antecipação do 13ª, a classe E teve um aumento

Considerando a queda de renda de quase 80% da população brasileira durante o primeiro semestre de 2020, as famílias modificaram a forma degastarem seus orçamentos. Estudo da FecomercioSP mostra que a distribuição de consumo aponta maior concentração em produtos de primeira necessidade entre faixas de renda mais baixas e de serviços, dentre as mais altas.

Os gastos com alimentação representam 10% do total de gastos médios dos brasileiros, sendo 17% dos gastos das famílias com renda até R$ 1.950, e só 4% das famílias de renda superior a R$ 16.900. Ao mesmo tempo, os valores com educação representam 2% do total do orçamento da classe E e 5% na classe A.

Com o auxílio emergencial e a antecipação do décimo terceiro salário, a classe E (que ganha até R$ 1.950) teve um aumento tanto no total da massa de renda semestral (62,7%) quanto na média mensal familiar (61,5%).

Como essa faixa possui  maior propensão ao consumo de produtos essenciais, foi imposto um choque de demanda em alguns itens da cesta básica, causando eventuais aumentos de custos, que também ocorreram devido a fenômenos do câmbio, como o recente caso do arroz. Esses fatores causaram um efeito colateral na inflação de alimentos, ampliando o custo de vida dos mais pobres de forma mais proeminente.

Além disso, os itens não consumidos, relativos a serviços como eventos, lazer, turismo, mais significativos no orçamento das classes mais altas, tiveram seus preços estacionados, o que, segundo os economistas da FecomercioSP, pode ter se refletido na formação de poupança forçada nas famílias das classes A, B e C, que teriam economizado nestes gastos, durante a quarentena.

A expectativa, agora, é saber como ficará o tecido econômico no período pós-pandemia e como o desemprego afetará a renda das famílias em cada faixa de renda. Para a federação, tanto as classes A quanto a E estarão menos suscetíveis aos problemas no curto prazo, uma vez que os programas de transferência de renda do governo devem se manter para faixas de renda muito baixas.

A entidade considera, ainda, que a possibilidade de ter havido mais poupança e maior preservação do emprego tende a apontar um cenário mais otimista no lado oposto. Para a FecomercioSP, é a classe média que deve sentir os efeitos da crise mais efetivamente, diante de seu padrão de consumo, dos efeitos e da localização da inflação e do risco de emprego.


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