Padre de São Sebastião do Paraíso, confessa beijo em coroinha de 14 anos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de julho de 2017 às 12:23
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:17
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Padre confirmou à polícia, veracidade de vídeo, filmado em março passado

O padre Enoque Donizetti de Oliveira, 62, suspeito de abusar de uma menina de 14 anos em Arceburgo (cidade mineira a 163 km de Franca), no Sul do Estado, confessou na sexta-feira (28) em depoimento à policia ter beijado a adolescente. 

Segundo o pároco, ele não teria resistido às investidas da jovem. O caso veio à tona nesta semana, após um vídeo que comprovaria o crime, cometido dentro da igreja, ter se espalhado pela cidade.

Acompanhado de seu advogado, o padre confirmou a veracidade do vídeo, filmado em março deste ano, sem seu consentimento, mas nega as acusações.

Segundo a corporação, o pároco limitou-se a dizer que aquela havia sido a única vez que teria acontecido algum envolvimento com a jovem. 

No depoimento, o padre teria dito ainda que a adolescente de 14 anos se insinuava para ele.

No dia das filmagens, segundo o padre, quando ele entrou em seu quarto, a adolescente estaria seminua e teria pedido para ele passar o óleo em sua barriga. 

Nessa quinta-feira (27), em depoimento à policia, a jovem afirmou que os abusos começaram no ano passado. 

Segundo a menina, as agressões também teriam acontecido em viagens com o padre a serviço da igreja e até mesmo em sua casa.

Coroinha há mais de um ano na paróquia da cidade, a adolescente informou à policia que o padre constantemente conversava sobre relacionamentos íntimos com ela. 

Bastante nervosa, mesmo dizendo que os abusos aconteciam sem seu consentimento, a menina afirmou que se sentia culpada pela situação. 

Em entrevista coletiva na tarde de quinta-feira, a delegada Renata Mattoso Libório, responsável pelo caso, afirmou que a adolescente chorou. “Ela está bem nervosa, se sentiu culpada, achou que ia ser presa. Me abraçou, chorou”, disse.

Investigações

Até o momento, já foram ouvidos familiares e a vítima de 14 anos. Segundo a Polícia Civil, a adolescente passará por exame de corpo de delito. 

O vídeo foi encaminhado para perícia, e uma vistoria na casa paroquial, onde teria acontecido o abuso, já foi realizada. Os demais procedimentos pertinentes à investigação estão em andamento.

Procurado na sexta-feira (28), o padre não quis comentar o assunto e informou apenas que foi orientado por seu advogado a não conversar com a imprensa. 

A Polícia Civil investiga se houve conjunção carnal, entretanto, o beijo dado pelo padre na adolescente já é considerado estupro.

Pena

Como a vítima é menor de 18 anos e maior de 14, há o agravante da violência presumida, ou seja, mesmo o ato tendo consentimento, o autor é responsabilizado. A pena de reclusão é de oito a 12 anos.

Diocese apura

Afastado de suas atividades desde essa quinta-feira (27), quando a Diocese de Guaxupé, no Sul de Minas, tomou conhecimento da denúncia, o padre Enoque Donizetti de Oliveira passará agora por um julgamento interno na igreja, a nível nacional.

Sem informar as etapas nem como será esse julgamento, a entidade informou apenas que o procedimento vai além das investigações da polícia.

Em nota, a diocese afirmou que o afastamento tem como objetivo averiguar os possíveis fatos e acontecimentos.

O padre está residindo em São Sebastião de Paraíso (cidade a 77 km de Franca), onde prestou o depoimento. 

O pároco voltou na sexta-feira (28) de um retiro em Brodowski, em São Paulo, onde estava desde a segunda-feira. 

A única igreja da cidade de Arceburgo está fechada desde a suspensão do padre. 

Até que um próximo pároco seja nomeado para a paróquia, outro sacerdote, segundo a diocese da região, deve celebrar as missas no local.

Divulgação

O vídeo em que o padre aparece beijando a adolescente, que estava sem a blusa e o sutiã, foi publicado nas redes sociais e chegou até a Polícia Militar (PM) na quarta-feira (26), tendo sido repassado à Polícia Civil. 

Apesar do áudio ruim, segundo a polícia, é possível ouvir o padre dizendo em determinado momento: “Se sangrar, é normal”.

Depoimento

A princípio, a adolescente negou os abusos, dizendo que seria melhor resolver a situação entre os membros da igreja, porém, após as imagens serem apresentadas, ela acabou confessando. 

A menina contou que foi ela mesma quem gravou o vídeo. Ela disse que o enviou para outro coroinha da igreja e que as imagens acabaram vazando.

Cortes

As imagens do vídeo foram editadas, com cortes no início e no fim, mas a adolescente não quis contar o que aconteceu no restante da gravação.


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