Obsessão por dieta já é considerado o novo transtorno alimentar

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de novembro de 2017 às 12:17
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:26
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Diferente da anorexia e da bulimia, ortorexia é problema e não tem relação com peso ou calorias

A busca pelo corpo perfeito nunca foi tão intensa. A cada dia mais e mais dietas “milagrosas” surgem e procedimentos estéticos se proliferam pelas clínicas. O ideal de beleza estabelecido pela mídia tortura um número cada vez mais de pessoas que tentam se encaixar nesses padrões.

Os transtornos alimentares são apenas uma das consequências dessa situação. E agora o mais recente é a ortorexia.

Diferente da anorexia e da bulimia, o problema é caracterizado pela obsessão pela pureza de tudo o que é ingerido, seguindo, dessa forma, uma dieta extremamente rígida.

Embora a ortorexia tenha sido nomeada há duas décadas, ainda é considerada nova e pouco explorada pela ciência – daí porque ainda não consta na lista oficial de transtornos alimentares. Mas isso não a torna menos alarmante. Tanto é que, em junho, ela foi tema de palestra no Ganepão, congresso realizado em São Paulo e um dos maiores encontros de nutrição da América Latina.

Mas é preciso se preocupar com quem procura se alimentar da forma correta? Segundo o Instituto Nutrição Comportamental, sim, pois a tendência é que esse tipo de dieta se torne a cada dia mais restritiva a ponto de excluir grupos alimentares importantes para o bom funcionamento do organismo.

Isso não quer dizer que quem gosta de comer bem ou adota hábitos de alimentação saudáveis apresenta o problema. Segundo os pesquisadores, quem sofre de ortorexia apresenta na maior parte do tempo pensamentos apenas relacionados à comida, além de colocar seus novos costumes alimentares como um fator de limitação, deixando de frequentar locais por acreditar que não haverá opções que atendam às suas necessidades.

Os prejuízos da ortorexia não se restringem ao campo mental. É muito comum, por exemplo, encontrar adeptos de cardápios elaborados com a finalidade de reforçar tratamentos médicos. É o caso da dieta sem glúten, indicada para pessoas com doença celíaca – e só. Porém muitas pessoas decidiram abolir alimentos com essa proteína sem qualquer motivo ou orienteção médica. Agora, estudos médicos mostram que esse tipo de comportamento aumenta o risco de diabetes, doenças cardíacas entre outras.

De acordo com o Instituto de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Curitiba, veganos, pessoas famosas, atletas e profissionais da área da saúde são os que mais precisam se policiar para não ter ou reforçar esse comportamento.

Por ainda não ser reconhecida como transtorno alimentar, a busca desmedida por um cardápio equilibrado não tem tratamento específico. Mas, assim como na bulimia e na anorexia, especialistas de várias áreas atuam em conjunto. Não se fala em cura, porém são grandes as chances de controle. Para chegar nesse ponto, claro, tem que procurar ajuda. E o primeiro passo é entender que, se a dieta gera limitações e estresse, ela pode ser tudo, menos saudável.


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