​O Partido da Imprensa Golpista – PIG

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 11:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:06
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Nos últimos anos, principalmente na era Lula, o número de reclamações e indignações contra a imprensa aumentou. Impressão minha? Ok! A imprensa marrom vem de longos tempos. Mas imprensa golpista? Será?

Não é raro encontrar pela rede questionamentos sobre reportagens da Veja, da Isto É, da carta capital e de outras revistas, inclusive de telejornais, como o Jornal Nacional e de articulistas como o Reinaldo de Azevedo, por exemplo, que polemiza demasiadamente – e se regozija quando o faz – , mas, às vezes, baseado em falácias, em verborragia (e nisso ele é muito bom). A imprensa, disfarçadamente, sempre esteve ao lado deste ou daquele, principalmente se este ou aquele a beneficia direta ou indiretamente. Mas, repito: imprensa golpista?

Já existe uma definição na Wikipédia para o termo: “O Partido da Imprensa Golpista (comumente abreviado para PIG ou PiG) é uma expressão usada por órgãos de imprensa e blogs políticos de orientação de esquerda para se referir a órgãos de imprensa e jornalistas por eles considerados tendenciosos, que se utilizariam do que chamam grande mídia como meio de propagar suas ideias e tentar desestabilizar governos de orientação política contrária.”

E, segundo a Wikipédia, a expressão foi popularizada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog Conversa (a)FIADA – justo ele? Mas ele dispensa os créditos e diz que a expressão foi inspirada em um discurso do deputado petista Fernando Ferro.

Querem amordaçar a imprensa para que esta não faça nenhuma reportagem investigativa com requintes de denúncia? Falou mal, principalmente do governo, é imprensa golpista?

Redes sociais redemocratizaram o sentido de imprensa

As redes sociais deram a oportunidade do cidadão comum se tornar um “Repórter Esso” – a testemunha ocular da história -, vide o caso de Renê Silva dos Santos, de 17 anos, que foi a ‘testemunha’ do Complexo do Alemão em vários cantos do mundo. Diante do computador, o adolescente, que mora no Morro do Adeus, uma das favelas de lá, relatou com detalhes e em tempo real o desenrolar da guerra entre traficantes e forças de segurança. Hoje, a conta @Vozdacomunidade, intitulado como o primeiro jornal do Complexo do Alemão tem mais de 57 mil seguidores. Já o perfil do próprio garoto está próximo da casa dos 20 mil.

Mas por que tanto descrédito em relação a imprensa tradicional?

O jornalista Ignácio Ramonet, diretor do jornal francês Le Monde Diplomatique e do Media Watch International, chama de insegurança informativa. Ele vai mais a fundo e avalia que “o importante hoje, para a imprensa, é o que o maior número de pessoas quer ver e ouvir. As informações são cada vez mais breves, emotivas e espetaculares. E, cada vez mais, estas informações são gratuitas”.

Então onde está o negócio? Se trata de vender gente aos anunciantes, e para ter mais gente, a informação tem que ser sedutora”. E neste ponto, a credibilidade do veículo e do trabalho jornalístico sofre sérias avarias.

Erros como o Caso Escola Base, de São Paulo, da manipulação, censura e mentiras da imprensa dos EUA na época da invasão no Iraque ou mais recentemente do uso de escutas telefônicas ilegais na News Corporation, de Rupert Murdoch cooperaram para o descrédito das pessoas na imprensa?

Em 1998, o jornalista Arthur da Távola – pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros – disse: “notícia como espetáculo, que é o que domina hoje o panorama, está sendo muito mais regida pelas regras da dramaturgia, que são as regras do espetáculo, do que pelas regras da informação, que é algo que necessita de precisão, concisão – e eu não diria imparcialidade, mas digo objetividade.”

Enfim.. será que só os erros como o Caso Escola Base, de São Paulo, da manipulação, censura e mentiras da imprensa dos EUA na época da invasão no Iraque ou mais recentemente do uso de escutas telefônicas ilegais na News Corporation, de Rupert Murdoch cooperaram para o descrédito das pessoas na imprensa?


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