Número de mulheres com câncer de pulmão aumenta progressivamente

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  • Publicado em 19 de agosto de 2019 às 16:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:44
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Relatório internacional aponta que uma a cada seis mulheres desenvolve a doença no mundo

De acordo
com dados recentes da Agência Internacional para a Pesquisa sobre Câncer (IARC,
na sigla em inglês), publicados neste ano, uma em cada seis mulheres desenvolve
câncer de pulmão. O aumento dos casos da doença evoluiu para 5,3% ao ano, dado
alarmante que pode estar relacionado, entre outros fatores, à exposição ao
tabaco.

Traços
biológicos, sociais e genéticos podem ser as causas combinadas de um resultado
endossado por pesquisas médicas: o risco de desenvolver câncer de pulmão é
maior nas mulheres quando comparado aos homens. No entanto, especialistas
alertam: a doença atinge os homens em maior proporção. Isso porque, segundo
eles, o tabagismo, que é a principal causa para desenvolver o tumor – embora
não única – é mais presente no sexo masculino.

“O
câncer de pulmão acomete mais os homens, porém, o risco de mulheres terem a
doença – corrigidos outros fatores de risco – é maior. Apesar disso, as causas
não são claras. Acredita-se que existam fatores genéticos, hormonais e
comportamentais agindo em conjunto”, afirma a médica Denise Leite,
oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO).

De acordo
com os pesquisadores do IARC, um em cada oito pacientes nunca fumou. A
incidência pode estar nestes casos associada ao fumo passivo, em especial em
mulheres com menos de 55 anos, o que também indicaria uma
“sensibilidade” biológica maior a alguns elementos cancerígenos da
fumaça, assim como a poluentes presentes no ar das grandes cidades.

Para a
médica, o fumo passivo, que também aumenta o risco de câncer de pulmão, entra
na equação de risco. “E pode responder pelo aumento dos casos de câncer em
mulheres, mas o risco é multifacetado e existe uma ligação intrínseca associada
ao sexo, independente do tabagismo – embora, ressalte-se – o tabagismo seja o principal
fator de risco conhecido”, diz.

Já Tércia
Reis, oncologista do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), aponta as diferenças
de costumes entre os dois gêneros como causa principal para o resultado da
incidência da doença, que é maior entre os homens do que entre as mulheres,
apesar do fator de risco ser o contrário.

“As
diferenças no hábito de fumar entre os homens e as mulheres refletem as
mudanças epidemiológicas na incidência de câncer de pulmão. Com o aumento do
tabagismo em mulheres para níveis muito semelhantes aos dos homens, houve um
aumento na incidência de câncer de pulmão. Com a diminuição contemporânea do
tabagismo, a incidência de câncer de pulmão atingiu um platô e diminuiu
ligeiramente nos homens. Nas mulheres, o aumento na taxa foi substancialmente
atrasado”, informa.

Tabagismo

Os fumantes
apresentam probabilidade 22 vezes maior de morrer por neoplasia de pulmão do
que os não fumantes. Além disso, mulheres passaram a fumar cerca de 20 anos
depois do que os homens por questões culturais e, por isso, apenas nos últimos
anos foi possível estabelecer uma relação de impactos diferentes na incidência
de câncer entre fumantes dos dois gêneros.

No Reino
Unido, o índice de câncer de pulmão caiu nos últimos anos em 44%, mas cresceu
69% em mulheres justamente porque, assim como começaram a fumar depois, também
decidiram parar mais tarde. Nos anos 80 a média era de quatro homens com câncer
de pulmão para uma mulher. Atualmente já está em 1 para 1.

Para Denise,
o fato de as mulheres, social e historicamente, terem começado a fumar mais
tardiamente que os homens refletiu no aumento dos casos de câncer de pulmão em
determinados momentos históricos hoje equiparados.

O
diagnóstico conforme a médica, ainda é, na maioria das vezes, feito em estágios
mais avançados da doença e é uma minoria o número de casos diagnosticados em
fases iniciais.

“Com os
métodos de screening que vêm sendo desenvolvidos nos últimos anos (tomografias
para pacientes tabagistas a partir de determinadas faixas etárias) aumenta-se
lentamente a taxa de pacientes diagnosticados mais precocemente”, comenta.

Causa
de Mortes

Segundo o
relatório da Agência Internacional para a Pesquisa sobre Câncer (IARC), é
importante conscientizar a população sobre o risco do tabagismo e a exposição
passiva do cigarro, pois o câncer de pulmão é a principal causa de morte de
homens e mulheres em 28 países.

No entanto,
segundo dados registrados pelo Ministério da Saúde, no Brasil a doença é,
atualmente, a primeira causa de morte por neoplasia em homens e a segunda entre
as mulheres.

Em 2009, a
estimativa de casos novos nos Estados Unidos foi de 219.440, sendo que destes,
47% eram mulheres. A estimativa de morte neste mesmo ano foi de 159.390 neste
país, onde 44,2% eram do sexo feminino. Desta forma, essa enfermidade é
responsável por 26,12% de mortes por câncer em mulheres.

Tabagismo,
consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de
atividade física são os cinco principais motivos que levam as pessoas a serem
mais propensas a desenvolver algum tipo de câncer. Quanto ao risco da doença no
pulmão, a principal medida para combatê-lo, independente do sexo, são duas:
prevenção e interrupção do tabagismo.

“O
tabagismo é o maior fator de risco conhecido para o desenvolvimento do câncer
de pulmão. Ele está diretamente envolvido em 90% dos casos”, alerta
Denise.

Tércia
também é taxativa quanto à prevenção: “O controle do tabaco pode prevenir
mais mortes por câncer do que qualquer outra estratégia de prevenção
primária”, conclui. 


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