Número de inadimplentes no Fies bate recorde no 1º semestre deste ano

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 15 de setembro de 2020 às 00:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:13
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Quem já estava com dívidas antes da pandemia, viu a situação piorar ainda mais com a crise

Bateu recorde, no primeiro semestre deste ano, o número de alunos de ensino superior que não conseguiram pagar as parcelas do Fies – o maior programa do governo federal de financiamento estudantil em universidades privadas.

Os dados revelam o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre os estudantes que dependem do programa para realizar o sonho de cursar uma faculdade.

De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), há 979 mil contratos em atraso há mais de 90 dias – quando o aluno é considerado inadimplente. É o maior número desde 2014.

Em maio, o Ministério da Educação (MEC) publicou uma resolução em que suspendeu o pagamento de parcelas do financiamento em decorrência da pandemia. Mas a regra prevê que os alunos deveriam estar adimplentes até 20 de março. 

Quem já estava com dívidas antes disso, viu a situação piorar ainda mais durante a crise.

Tereza Arcanjo, baiana que vive em São Paulo há 10 anos, sonha em ser professora de matemática. Ela lida com a frustração de não ter conseguido concluir o curso mesmo com o Fies.

“Eu resolvi cursar porque era o meu sonho ser professora, e como tinha chance de fazer o Fies, eu resolvi cursar”, falou.

Primeiro o curso dela foi cancelado e passou para o módulo de ensino a distância – que não é coberto pelo Fies. Tereza pagou uma parte do próprio bolso, para continuar a estudar, e usou até parcelas do auxílio emergencial para quitar a dívida. 

Mesmo assim acumulou boletos vencidos com o Fies e com a própria universidade.

“Poderia estar exercendo a minha profissão e isso não está acontecendo. Hoje eu sou empregada doméstica”, contou.

Aline Oliveira deveria estar cursando o último semestre da faculdade de Direito, que também financia pelo Fies, mas por causa da pandemia, a mãe e o irmão perderam o emprego e ela precisou ajudar nas contas de casa. Resultado: atrasou três boletos do programa.

A estudante fez um parcelamento da dívida, mas até agora não conseguiu ter acesso aos boletos e a matrícula da universidade está bloqueada.

Entidades representantes do ensino superior têm tentado diálogo com o governo para a aprovação de um projeto de financiamento estudantil emergencial. Até agora, porém, não houve nenhum acordo.

O Fies se limitou a dizer que os alunos pode renegociar as dívidas e lembrou, em nota, que os estudantes que não estavam inadimplentes puderam suspender o pagamento de até quatro parcelas ou por todo período de calamidade decretado devido à pandemia.

*informações CNN


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