Número de famílias que entraram em crise em 2018 chega a 15 milhões

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de novembro de 2018 às 12:36
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:09
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No total, 27 milhões de lares sofrem com desemprego, inadimplência e dificuldades no orçamento

Cerca de 15 milhões de
famílias entraram em crise neste ano, enfrentando desemprego, inadimplência e
dificuldades orçamentárias, segundo a nova edição do 360º Consumer View,
levantamento realizado anualmente pela Nielsen, empresa que estuda consumidores
em mais de 100 países.

Com isso, o total de domicílios impactados pela crise
subiu para 27 milhões neste ano, pouco mais da metade do universo total de 53
milhões de famílias pesquisadas.

O levantamento, porém, não considera todo o território
brasileiro. Segundo a Nielsen, a região Norte ficou de fora do estudo.

Ao mesmo tempo, os números também mostram que 12 milhões
de famílias saíram da crise neste ano. Outros 14 milhões de domicílios se
mostraram imunes às turbulências financeiras.

O levantamento aponta que o
número de lares que entraram em crise neste ano superou a parcela daqueles que
deixaram as dificuldades para trás, isso reforça, na visão da Nielsen, um
cenário de “looping” (famílias entrando e saindo da crise) que gera
“incertezas e dificuldades de forma mais duradoura”.

Segundo o diretor do Painel de Lares da Nielsen Brasil,
Ricardo Alvarenga, uma eventual retomada do emprego e da massa salarial, com a
inflação ainda controlada – fatores que influenciam o aumento do consumo das
famílias – “não vai ser do dia para a noite”. “Há uma alta
concentração de desalentados, que não são classificados como desempregados
porque não estão mais procurando emprego. Tem uma população ‘subocupada’ e, nos
trabalhadores informais ou autônomos, a média salarial é mais baixa”,
explicou.

O consumo das famílias tem
forte peso no Produto Interno Bruto (PIB), de 63,4%. Ou seja, mais da metade do
que é produzido no Brasil depende da demanda das famílias.

Em
2017, após dois anos de recessão, o PIB voltou a registrar crescimento, com uma
alta de 1%. Neste ano, continua em expansão, mas em um ritmo menor do que o
esperado anteriormente por analistas.

Comportamento do consumidor

Esse cenário, para o diretor, resultou no surgimento de um novo tipo de
consumidor no Brasil. “Ele é mais cauteloso, faz mais planejamento, pois
não sabe como será seu futuro. A crise é muito dura e moldou esse novo
comportamento”, afirmou.

Por conta das dificuldades enfrentadas, o brasileiro tem se mostrado
mais aberto a trocar de marcas, a buscar rendas alternativas, a recorrer ao
crédito no mercado para ganhar poder de compra e a ampliar o número de canais
de compra que visita. Esse comportamento visa se adaptar a um orçamento
restrito, avaliou a Nielsen.

Alvarenga acredita que essas mudanças no comportamento dos consumidores
tendem a se manter nos próximos anos, o que exigirá da indústria e do varejo
uma adaptação à nova realidade, oferecendo alternativas de produtos com bom
custo/benefício, além de ter canais de compras alternativos, preços menores, e
mais facilidade nas compras por conveniência.


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