Número de estúdios de tatuagem abertos no Brasil cresce 24% nos últimos anos

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  • Publicado em 28 de agosto de 2019 às 16:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:46
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Brasil ocupa 9º lugar no ranking de nações com mais pessoas tatuadas – 38% da população têm alguma

Ganhando
cada vez mais popularidade no Brasil e no mundo, a arte da tatuagem movimenta
um grande mercado no país. De acordo com um levantamento feito pelo Sebrae em
2016/ 2017, houve um crescimento de 24% no número de estúdios abertos no
Brasil. Além disso, o Brasil ocupa 9º lugar no
ranking de nações
com mais pessoas tatuadas – 38% da população têm pelo menos uma tatuagem.

“Em
meio a tamanha popularidade, é preciso conscientização sobre este procedimento,
que deve ser profissional, feito em condições higiênicas, com agulhas
esterilizadas e com seguimento das demais regras da ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária)”, alerta Maria Inês Harris, Diretora
Executiva do Instituto
Harris
e especialista em avaliação de segurança na área cosmética.

No
país, apenas 3 marcas de tintas (Eletric Ink, Iron Works e Starbrite Colors)
receberam aprovação da ANVISA. Se não regulamentadas, as tintas podem ser
tóxicas e colocar em risco a saúde.

“Em
tintas não regulamentadas pela Anvisa, os componentes podem estar adulterados e
estar presentes em proporções acima das indicadas, apresentando, por exemplo,
excesso de ferro, bactérias ou mofos. Os problemas mais comuns ao usar uma
tinta não autorizada são ocorrência de dermatites graves na pele, que causam
coceira, vermelhidão, feridas e reações alérgicas”, afirma Harris.

Um levantamento
realizado pela FDA (Food and Drug Administration) identificou infrações graves
na comercialização de tintas, como a utilização de tintas desenvolvidas para
automóveis e cartuchos de impressoras. Além disso, os riscos podem não estar
apenas nos pigmentos, mas também em solventes, emulsificantes e conservantes
usados no desenvolvimento das tintas, conforme apontado pela pesquisa
publicada na Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. O trabalho tece
comentários sobre pigmentos específicos que aumentam a probabilidade de reações
adversas – o vermelho, por exemplo, por conter mercúrio. Tintas como lilás,
rosa e roxo, costumam causar mais alergias e nesse caso, seria ideal fazer um
teste de alergia antes de realizar os procedimentos. Já o preto, pode
apresentar como base carvão e fenol (substância rapidamente absorvida pela
pele, corrosiva, irritante para mucosas).

Em países
europeus como Dinamarca, Itália e Noruega, está em andamento uma proposta
liderada pela ECHA (European Chemicals Agency) de restrição de determinadas
substâncias perigosas contidas em algumas tintas de tatuagens, com intuito de
diminuir os riscos causados por elas. A proposta inclui substâncias já
proibidas em cosméticos e algumas substâncias adicionais.

“Pouca
informação está disponível sobre a composição das tintas de tatuagens, e isso é
gravíssimo, pois estamos expondo a população a substâncias que não sabemos se
são seguras ou se estão usadas em concentrações adequadas. É de extrema
importância que tanto o público geral, quanto os donos dos estabelecimentos,
tenham conhecimento sobre a origem dos componentes, para que seja possível
orientar o consumidor caso a caso, garantindo uma melhor experiência durante e
após o procedimento. Além disso, os profissionais devem relatar a ANVISA sobre
casos de efeitos adversos”, ressalta Harris.

Curiosamente,
as tatuagens podem trazer alguns alertas sobre a saúde. Segundo matéria
no site Cosmetic Innovation, cientistas desenvolveram tintas capazes de mudar
de cor para diagnosticar o status do paciente com determinadas doenças. Capaz
de mudar de cores de acordo com o pH do corpo, os pigmentos são capazes de
“alertar” se os níveis de glicose estão acima da média, apresentando
sinais de diabetes.

Harris ressalta a importância dos cuidados antes e após a realização do
procedimento de tatuagem. “É necessário que um dermatologista examine a
região a ser tatuada, para verificar se não existem pintas, manchas ou lesões
suspeitas que possam ser cobertas pela tinta da tatuagem”, pontua.

Após
realizar sessões de tatuagem, é necessário ainda ter cautela com a área tatuada
durante o período de cicatrização, que pode levar até um mês. Ela deve ser
protegida completamente dos raios solares por meio de um curativo envolto com
plástico para evitar contaminação com microrganismos, e deve-se evitar saunas,
piscinas e banhos de mar.