Novo tratamento para câncer agressivo de pulmão é aprovado no Brasil

  • Entre linhas
  • Publicado em 9 de julho de 2019 às 20:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:39
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Imunoterapia para tumores classificados como pequenas células representa importante avanço

A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente um novo
tratamento para pacientes com um tipo específico de câncer de pulmão altamente
agressivo. Trata-se do imunoterápico atezolizumabe, medicação que passará a ser
usada no tratamento inicial do chamado câncer de pulmão de pequenas células – o
mais comum entre fumantes, correspondendo a 15% de todos os casos de tumores
malignos que afetam o órgão – representando o primeiro avanço em 30 anos para
este subtipo de tumor, segundo especialistas.

Essa terapia
já é utilizada no Brasil para tratar câncer de pulmão de não pequenas células,
tumores no sistema urinário e, no último mês, foi liberada para uso no combate
ao câncer de mama triplo-negativo.

90%
dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo

O tabagismo
está na origem de 90% de todos os casos de câncer de pulmão – entre os 10%
restantes, 1/3 é dos chamados fumantes passivos – no mundo, sendo responsável
por ampliar em cerca de 20 vezes o risco de surgimento da doença. Segundo o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deverá somar 31.270 novos casos
de tumores pulmonares em 2019. Além disso, o mau hábito aumenta as chances de
desenvolver ao menos outros 13 tipos de câncer: de boca, laringe, faringe,
esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim, bexiga, colo de útero,
ovário e alguns tipos de leucemia. Apesar destes dados não serem novidade, o
país ainda registra um elevado número de casos de neoplasias malignas entre a
população fumante.

A
oncologista Mariana Laloni, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Unidade do
Grupo Oncoclínicas em São Paulo, diz que a maioria dos pacientes com câncer de
pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório, tais
como: tosse, falta de ar e dor no peito. “Outros sintomas inespecíficos
também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos,
cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza
exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial
para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença”, diz.

Segundo a
médica, existem dois tipos principais de câncer de pulmão: carcinoma de
pequenas células e de não pequenas células. “O carcinoma de não pequenas
células corresponde a 85% dos casos e se subdivide em carcinoma epidermóide,
adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no
mundo é o adenocarcinoma e atinge 40% dos doentes”, destaca a Dra.
Mariana.

O tratamento
do câncer de pulmão se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia,
terapia alvo e imunoterapia) e radioterapia. Sempre que possível, a cirurgia é
realizada na tentativa de se retirar uma parte do pulmão acometido. Atualmente,
os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, por vídeo (CTVA) são cada
vez mais realizados com menor tempo de internação e retorno mais rápido do
paciente às suas atividades. A indicação da cirurgia depende principalmente do
estadiamento, tipo, do tamanho e da localização do tumor, além do estado geral do
paciente.

Após a
cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são indicadas para destruir células
tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Para a
especialista, a combinação de tratamento sistêmico e radioterapia também pode
ser administrada no início do tratamento para reduzir o tumor antes da
cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo quando a cirurgia está
contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada algumas vezes para diminuir
sintomas como falta de ar e dor.

Mas o grande
avanço dos últimos anos, ainda de acordo com a oncologista do CPO, é a
imunoterapia. Baseado no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um
corpo estranho desde a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor
passa a se disfarçar para o sistema imunológico e então se aproveitar para
crescer, a imunoterapia busca reativar a resposta imunológica contra este
agente agressor.

“Atuando
através do bloqueio dos fatores que inibem o sistema imunológico, as medicações
imunoterápicas provocam um aumento da resposta imune, estimulando a atuação dos
linfócitos e procurando fazer com que eles passem a reconhecer o tumor como um
corpo estranho”, finaliza.


+ Saúde