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Não, paciente leitor. Definitivamente, não se trata de uma daquelas premonições ou aspirações catastróficas, vendidas pelos tantos profetas do apocalipse nas esquinas.
Se você alguma vez ponderou se o tempo estaria a nos pregar a maior de suas peças, a de simplesmente se acelerar, saiba que não é o único. Grandes cientistas vêm travando constante labuta, afim de compreender este dilema que aflige todos nós.
Seria o tempo um aliado, ou, um inimigo impiedoso?
Na verdade, paciente leitor, ironicamente, quanto mais ávidos estamos por ganhar mais tempo, mais o perdemos. Novas tecnologias são criadas diariamente sob o único propósito de saciar este desejo de se viver em alta velocidade, que vem assolando nossa humanidade. Falimos, miseravelmente, quando entendemos que tempo, é um adversário que devemos superar a cada segundo de nossa existência, sustentados por aquela sensação impotente, de que não conseguimos fazer tudo que realmente desejamos por falta de tempo. Ora! Bem sabemos que tempo é questão de prioridade, desde os tempos de Julio César, no século 1 a.C aos dias atuais -e um pouco antes e além disso tudo- os dias sempre possuíram 24 horas e, até que nenhum governante resolva destruir também esta questão, a contagem sempre será esta, portanto, cabe a nós utilizarmos cada instante de nossa existência da maneira que melhor acharmos convenientes. Você, que se dedicara um tempinho a ler tal analogia é um raro exemplo de interesse por qualidade do tempo, não quantidade. Antes que caia sobre este pobre mortal a acusação de superestimar tal texto, esclareço que há um estudo, que defende a teoria de que um adulto é capaz de ler até 350 palavras por minuto. Faça suas contas e verá que as exatas 596 palavras dispostas neste artigo, não lhe subtraíram muito de seu tempo existencial, e se de repente, nada do que foi disposto aqui, tenha lhe atingido de maneira positiva, pense no tempo em que se sentara, relaxara a mente para averiguar uma nova perspectiva.
Vivemos um período onde novas tecnologias geram demandas por velocidade. Estamos sob um tempestivo desejo de estar em diversos lugares, falar com maior grupo de pessoas, viver novas emoções e situações, tudo de uma só vez. Na velocidade da luz. Por esta razão, nascera recentemente um distúrbio chamado “doença da pressa”. E é também, por esta razão, que há muito as crianças já nascem adultas. E é bem provável que tanto eu, quanto você, já apresentamos alguns sinais desta nova patologia. É obvio que cada mortal é afetado pela contagem do tempo de maneira diferente, mas, o leitor há de convir que vivemos conectados no 220, tentando desesperadamente absorver cada milésimo de segundo sob a certeza de que este não voltará, com a vida, sempre a tiquetaquear em nosso ser. É justamente por tentar viver tudo o que há para ser vivido que, mais tarde, concluímos cansados que fomos seduzidos por uma intensa maratona, que nos roubara amigos, qualidade de vida, familiares e até nosso ser. É óbvio que como pobre mortal pecador que sou, também não descobri ainda a fórmula de não ser escravizado pelo tempo, mas, por outro lado, venho compreendendo formas de contradizer a filosofia que a tecnologia implantara em nossa sociedade e, nestes fragmentos, rompantes de um instante, concluo que não é o tempo que nos escraviza, são nossa prioridades. Martinho da vila sugeriu ir “Devagar, devagarinho” e, mesmo que pareça um movimento pela lerdeza, proponho, ao menos de vez em quando, desacelerarmos o ritmo e dedicar nosso curto e longo tempo a algo que contribua de maneira positiva para nossa existência.
*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.