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Voltemos ao inicio do século 20. Brasil. Republica recém instalada. A vontade de deixar no passado tudo o que lembrava o império e a colonização portuguesa. Com a nova política, e a abertura do comercio externo, tornamo-nos um grande e sedutor mercado consumidor de produtos de países estrangeiros. Com uma elite forte e endinheirada importávamos de tudo inclusive idéias e costumes, tudo o que estava em alta na Europa.
Nessa época, a França ditava a moda e costumes e Paris era a grande estrela da Belle Époque. Por lá, as pessoas de maior poder econômico ostentavam elegância e luxo em grandes bailes, festas, jantares. E a gastronomia passou a fazer parte de suas diversões noturnas.
Nos restaurantes, jantava-se entre paredes de mogno e cobre, recortadas por vitrais e sob tetos cheios de dourados, afrescos e lustres, uma decoração para deleite do olhar.
O estilo culinário passou a ser definido com o rótulo “Comer com os olhos”. Os grandes chefs, cujos ancestrais haviam cozinhado para os palácios da nobreza, criaram o sistema de servir à la carte. Então, passaram a oferecer opções de pratos predefinidos pela casa e em cardápios ricamente ilustrados, que demonstravam a expertise do chef e o glamour do restaurante.
Paris transformou-se na capital da culinária.
Por aqui cafés e confeitarias reproduziam o costume francês de servir com estilo e elegância. A aristocracia de volta das viagens, trazia nas bagagens as ultimas novidades do momento. Novidades como um certo pãozinho cilíndrico de miolo branco e casca crocante,feito apenas de farinha, água, sal e fermento natural, um mito nas boulangeries francesas.
Então, as padarias cariocas, onde nosso pão de cada dia ainda era escuro – casca e miolo -passaram a ser solicitadas a tentar reproduzir o famoso pãozinho da terra de Boudelaire. Seguindo as orientações dos seus clientes viajados, mais um bocado de gordura e algumas colheradas de açúcar, os padeiros tupiniquins criaram uma versão que, dizem, superou as características do pãozinho original superando as exigências iniciais. A essa criação deram o nome de pão francês.
A novidade caiu no gosto da elite e tempos depois da população em geral. O resto da história conhecemos bem. Como o arroz e o feijão no almoço e no jantar o cacetinho, como é conhecido no Rio Grande do Sul, é quase presença obrigatória no nosso desjejum. Quão irresistível é um pãozinho recém saído do forno pego no balcão da padaria da esquina! Quem nunca, num gesto de total falta de controle, se rendeu aos aromas de um pão fresquinho e surrupiou, do saco de papel, um ou dois, antes de chegar em casa?
O fato é que quentinho, saído do forno, o nosso pão francês tem uma aroma incomparável e é perfeito para receber uma camada de manteiga ou de queijo e o que mais a criatividade do brasileiro desejar.
*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.