MÚSICA e o AMOR

  • Fofocas Musicais
  • Publicado em 2 de maio de 2019 às 17:25
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:23
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Vamos às biografias conhecer o amor?

Bendita seja a música que proporciona ao ser humano se expressar, extravasar, falar do que sente através das letras ou dos sons.

Vou lá em Bach … que amava a Deus acima de qualquer coisa e agradecia as bênçãos através de suas músicas. Assinava no final de cada partitura: Só a Deus a Glória. Um homem que teve 20 filhos. O amor humano também exalava através de seus dois casamentos e esta quantidade de filhos. Um homem totalmente voltado à devoção através da música. Uma devoção sem amarras, apenas Deus e ele, ele e Deus através dos sons. Sem o ego. Período Barroco.

Aí pulemos para o período Clássico com o magnífico Mozart. Um rapaz cheio de vida, inconsequente para a época, mas pulsando sons por todos os poros. Esta alegria que a música de Mozart traz demonstra seu espírito vivaz, vibrante, com uma densidade emocional que extravasava compondo 3,4, 5 músicas de estilos diferentes numa mesma semana. Para extravasar esta criatividade ia para os bares de madrugada, tocava nos cravos ou pianos disponíveis nas tabernas. E se regozijava com as mulheres à sua volta. Ficou encantado por uma moça, mas ela não o quis, então pediu sua irmã em casamento. Mas o pulsar dos sons era muito forte para que ele fosse um homem normal, convencional, caseiro, pai, marido, e a esposa o abandonou. Amou intensamente a vida, viveu intensamente o amor, mas creio eu, que de forma mais descompromissada, dava o que tinha dentro dele e foi pouco compreendido.

Beethoven com seu temperamento forte, sistemático, teve várias namoradas mas também nunca se casou. Era um missionário da música, mas o destino lhe preparou um grande desafio: a surdez. Mesmo assim continuou sua obra gigantesca. Vários amores,nenhum casamento. Fico pensando nas mulheres que conviveram com Beethoven , com o desejo de posse. Nunca conseguiriam mesmo. Não se toma posse de um ser que é do Universo, que é do mundo, especialmente é o missionário da música celestial. Sim, porque quando lhe perguntaram escrevendo num bloco de anotações : ‘ – como o senhor continua compondo se não ouve mais nada?’ No que, ele respondeu no bloco : ‘ – Eu ouço sons celestiais”. Ou seja, ele ouvia os sons dentro de sua cabeça e não com os ouvidos humanos.

Chopin se apaixonou quando muito jovem, mas como era tuberculoso, a família da moça não permitiu o envolvimento. Segue fazendo suas composições e deixando uma obra toda para piano, com sons das melodias mais profundas, sentimentais ou patrióticas. Aurora Dupin ( pseudônimo de George Sand como escritora) quando ouve seu piano fica completamente apaixonada por aquele ser incomum e se joga na tarefa de conquista-lo a qualquer preço. Faz Chopin viver mais tempo, viaja com ele, se joga em sua vida de forma contundente, corajosa e vivem este amor regado de sons.

Brahms viaja para conhecer o professor de composição, Robert Schumann e se tornam muito amigos. Mas o destino lhe preparou um teste. Morando na casa de Schumann e ajudando a cuidar dos seus 7 filhos, ele obtinha suas aulas em troca de ser mordomo. Com esta convivência se apaixona pela pianista e esposa do amigo. Oh o destino foi cruel com ele. Como poderia se apaixonar pela esposa do amigo? Mantém-se no amor platônico em respeito à amizade. Quantas formas de amor que vemos nas biografias! Aparentemente trágicas e incabíveis para seres tão sensíveis! Clara Schumann, por sua vez, continuou amando o marido mesmo depois de morto e parte para concertos divulgando as composições dele cada vez mais! Brahms se isola numa casa no meio de uma floresta para compor naquele silêncio cercado de sons divinos.

Existe um livro chamado Minha Amada Imortal com algumas cartas que os músicos enviaram para suas amadas. É muito interessante!

Penso que o divino que exalava destes compositores conquistava o coração das mulheres que ansiavam pelo divino. Mas eles também tinham o lado humano desejoso de carinho e carícias. E aquelas que souberam entender o turbilhão em que viviam estes seres em sua criatividade, conseguiram perpetuar este amor para todo sempre, e hoje, podemos acessar suas biografias que contam apenas momentos mas que já mostram a grandiosidade que é a música na vida das pessoas quando há uma verdadeira entrega.

Quantas e quantas vezes como professora de piano, tive alunos que me pediam para ensiná-los a tocar um instrumento para poder conquistar a pessoa amada! Que incrível é isso… a pessoa chegar a este nível de busca. Um dos alunos me disse uma vez: “qualquer sapo vira príncipe quando toca um instrumento musical!” Rimos bastante disso mas é algo que as pessoas buscam e acreditam no poder da música. Uma outra aluna queria tocar piano porque o namorado era músico e quando os amigos dele se reuniam ela ficava de lado, queria fazer parte daquela turma e especialmente não perder o amado. E completou: -“eu estudo quantas horas for preciso por dia para entrar neste paraíso!”


Outro dia, ou vi uma frase bastante reflexiva:

“ Um ciclo pode se fechar, mas este ciclo nunca será do amor, porque o amor não fecha ciclos, ele é eterno, especialmente se for regado de música.”

Que lindo é isso! O amor não fecha ciclos; se fechou, não era amor. Muitas vezes nos obrigamos a fechar quando o que é eterno nunca se fecha. E a aresta fica sempre aberta, ventilando, entrando sol, luz, se aquecendo com um simples Mi bemol à espera de um acorde seguinte ou simplesmente ecoando o som do infinito!

Experimentar tocar um instrumento, jogar-se na arte de compreender as resoluções sonoras. Muitas vezes compreende-se a vida e o destino!

Somos muito pequenos diante das obras musicais deixadas pelos clássicos da História da Música. Grandes missionários ou mensageiros! Viva mais uma vez a música verdadeira! Este bálsamo que nos transporta ao mais alto nível do sentimento!

*Esta coluna é semanal e atualizada aos domingos.​


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