Mulheres ocupam 69% dos cargos de liderança em comunicação empresarial

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 19:38
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:24
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Embora as mulheres já estejam bem representadas nas empresas, o estudo mostra que ascensão delas é lenta

A pesquisa inédita Perfil da
Liderança em Comunicação no Brasil
, divulgada pela Associação Brasileira de
Comunicação Empresarial (Aberje), mostra que apesar de ocupar 69% dos cargos de
liderança na comunicação corporativa no Brasil, as mulheres representam 45% do
total de cargos de direção ou vice-presidência nas empresas onde trabalham.

A pesquisa foi feita com 578
profissionais de 20 estados, dos quais 78% são empregados em empresas privadas
de grande porte (62%), sendo 41% em multinacionais e 37% em companhias
nacionais de todos os setores da economia, com destaque para o de serviços
(27%), que inclui agências de comunicação. São Paulo abriga a maioria dessas
lideranças (57%).

Do total de participantes, 398 são
mulheres. Setenta e quatro por cento dos profissionais estão contratados pelo
regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e 11% sob regime societário.

Embora as mulheres já estejam bem
representadas nas empresas, o estudo mostra que é mais lento o processo para
elas chegarem aos cargos de direção, informou o coordenador da pesquisa da
Aberje, Carlos Ramello.

Salários

Em termos salariais, 59% dos
consultados informaram ganhar mensalmente entre R$ 7 mil e R$ 20 mil. Por nível
de cargo, verifica-se que 71% dos gerentes ganham por mês entre R$ 10 mil e R$
30 mil, enquanto para 71% dos diretores, o salário é superior a R$ 15 mil.

O levantamento não separa os ganhos
mensais dos líderes em comunicação por gênero. “A experiência mostra que não
existe diferenciação entre homens e mulheres nessa situação. Estão dentro das
mesmas faixas (salariais)”, disse Ramello. As mulheres já não constituem um
grupo de diversidade nos cargos de lideranças nas empresas, “até mesmo porque
são maioria”.

Do total de entrevistados, 81% se
declararam brancos, 14%, pardos, 5%, negros, e 2%, amarelos; 93% são
heterossexuais, enquanto 5% disseram ser homossexuais e 2%, bissexuais. Apenas
1% disse apresentar algum tipo de deficiência. “Isso mostra que não existe
diversidade entre os cargos de liderança”, acrescentou o coordenador da
pesquisa.

Geração X

Carlos Ramello observou que os
profissionais que integram a chamada “geração do milênio”, ou ‘milleniais’, com
idade até 35 anos, são minoria entre os líderes em comunicação. Essa geração
abrange as pessoas nascidas a partir de 2001, que se desenvolveram em uma época
de grandes avanços tecnológicos, prosperidade econômica e facilidade material.
De acordo com o estudo, a maioria dos líderes pertence à geração X, referente
às pessoas nascidas logo após a Segunda Guerra Mundial, entre 1946 e 1964,
quando ocorreu um aumento significativo da taxa de natalidade. A proporção
identificada pelo estudo foi de 72% de lideranças da geração X e 28% dos
‘milleniais’.

Isso revela que as organizações, nas
contratações ou promoção de seus líderes, acabam considerando muito a
experiência. “As organizações são um pouco mais conservadoras nessa atribuição
de liderança”. A experiência na área de atuação é priorizada pelas empresas. Quarenta
e quatro por cento dos participantes exercem cargos de liderança na área de
comunicação há mais de oito anos.

Escolaridade

Todos os participantes da pesquisa
têm curso superior, sendo 40% graduados em jornalismo, 19% em comunicação e 16%
em relações públicas. Dos 578 profissionais, 73% fizeram ou estão fazendo
especialização ou MBA. Oitenta e nove por cento se comunicam em inglês e 57% em
espanhol.

Do total de entrevistados, 90% usam a
internet como principal fonte de informação, seguida do jornal (27%) e da
televisão (27%). Em média, os entrevistados dedicam uma hora e meia por dia às
redes sociais, sendo que os ‘milleniais’ dedicam duas horas ou mais
diariamente. O Facebook e o Linkedin são as redes sociais mais utilizadas pelos
profissionais que exercem cargos de liderança, da ordem de 93% cada, seguidos
pelo Instagram, com 88%.

Os participantes leem, em média, 5,5
livros por ano, superando a média nacional de quatro por ano, com destaque para
livros técnicos e profissionais (38%). A maioria dos participantes (57%) não
fazia qualquer atividade voluntária no momento da pesquisa e um quarto não era
engajado em nenhuma causa.

Análise do contexto e avaliação de
tendências foram apontadas por 55% dos consultados como as principais
competências para um líder em comunicação. A maior competência que eles
demonstram é o profundo conhecimento do setor onde atuam.


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