​Morre o maestro Ennio Morricone: ficam as mais de 500 trilhas de filmes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de julho de 2020 às 10:47
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:56
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

“O coração da minha música é o silêncio”, dizia Ennio Morricone ao falar do seu impressionante mundo sonoro

Das trilhas inesquecíveis que compôs para os filmes do faroeste à italiana e que mudaram até o Velho Oeste feito pelos americanos, cada nota que o maestro italiano levou ao cinema de Sergio Leone, amigo de escola, continha a inovação de assovios, a melancolia e a ironia.

À sua grande capacidade de orquestra, Ennio Morricone juntou a experimentação de instrumentos insólitos, de ruídos de animais até barulho de chicote.

Provocações melódicas que entrariam para a história do cinema, como a beleza de sua música, e que ajudariam a consagrar personagens como o pistoleiro sem nome, de Clint Eastwood, em “Por um punhado de dólares”, e “Três homens em conflito”.

A inesperada voz humana em “Era uma vez no Oeste” deu uma dimensão arrebatadora a um dos filmes mais belos de Sergio Leone. 

Os dois, Ennio e Sergio, formaram uma parceria perfeita, que se estendeu até o último filme de Leone: “Era uma vez na América”.

Hollywood se abriu para Ennio Morricone. Vieram composições épicas como “A Missão”, “Os intocáveis” e, de volta à Itália, o amor pela sétima arte em “Cinema Paradiso”.

O primeiro Oscar pela carreira veio em 2007, mas só depois de cinco vezes candidato ao prêmio. O segundo, em 2016, por os “Oito odiados”, de Quentin Tarantino, que o comparou a Mozart e Beethoven. Ou melhor, o preferiu a eles.

O artista erudito, que estudou no famoso conservatório de Santa Cecília, na capital italiana, também fez história nas canções populares.

Uma queda em casa e uma fratura do fêmur puseram fim à sua longa existência. Ennio Morricone morreu aos 91 anos e, no seu obituário escreveu que o adeus à mulher seria o mais doloroso depois de 70 anos juntos. 

Aos amigos, mandou um recado para que não fossem ao seu funeral: “Estou morto. Não quero incomodar ninguém”.

Ao mundo, o maestro italiano deixa trilhas sonoras em mais de 500 filmes e a gratidão dos que hoje repetem a sua música – como o guitarrista solitário da Praça Navona vazia, que, durante o isolamento provocado pela pandemia, tocou o tema do filme “Era uma vez na América”, emocionando os romanos. (Veja o vídeo abaixo)

Até mesmo os adolescentes de hoje assobiam em casa ou pelas ruas alguma das trilhas que Ennio fez para filmes de sucesso.

Quem assiste “Os Intocáveis” pode não saber, mas quando acaba o filme fica na mente a trilha sonora inesquecível. Assim também acontece com “A missão” ou com uma das mais antigas, “Por um punhado de dólares”.

Como diz o cronista, morre o homem, fica sua música.

Veja aqui o vídeo do guitarrista solitário: 


+ Cultura