Mesmo com a crise, produção de flores deve crescer 7% neste ano

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de setembro de 2018 às 23:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:59
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As vendas ao consumidor final devem chegar a cerca de R$ 8 bilhões, segundo levantamento do Ibraflor

Apesar da crise
econômica e do desemprego, que afeta 12,9 bilhões de pessoas no país, o setor
de produção de flores e plantas ornamentais planeja crescer entre 7% e 8% neste
ano, em relação ao ano passado. As vendas ao consumidor final devem chegar a
cerca de R$ 8 bilhões, segundo levantamento Instituto Brasileiro de
Floricultura (Ibraflor).

Apenas a cidade de Holambra, no interior paulista, que responde
por 45% do mercado de flores do Brasil, deve crescer 10% nos negócios.

A Expoflora – maior
exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina –, que vai até 24
de setembro, em Holambra, funciona como uma avaliação do mercado consumidor
pelos produtores. “A exposição é fundamental. Para nós, é como um laboratório.
Imagina que, durante cinco finais de semana, mais de 300 mil pessoas vêm para
cá. Então, o produtor faz um teste: se uma flor vai muito bem, ele aumenta a
produção. Se a flor, de repente, não vai tão bem, ele diminui ou talvez até
desiste dessa produção”, disse o diretor da Ibraflor, Renato Opitz.

Para Opitz, o
crescimento do setor nesse contexto pode ser atribuído a dois fatores
principalmente. “Foram trazidas novas variedades do exterior que foram
multiplicadas no Brasil e introduzidas no mercado, cores diferentes, formatos e
também variedades mais produtivas. Com isso, diminuiu o custo do produtor e ele
também conseguiu colocar isso no mercado a preços mais baixos.”

A outra razão foi o aumento da venda com a de flores nos
supermercados. “Essas flores e plantas ornamentais estão chegando ao consumidor
a preços mais baixos. Muita coisa antigamente era só em floriculturas e agora,
em vários supermercados, nas redes médias e pequenas também, você encontra a
flor disponível.”

Segundo Opitz, as variedades trazidas de países como Holanda e
Estados Unidos, além de mais produtivas, em alguns casos, são mais duráveis, o
que atrai também compradores.

Outro fator que favorece o crescimento do setor é a produção em
ambientes protegidos, como estufas ou áreas de telado, em que é possível
controlar melhor a temperatura e a umidade durante todo o ano.

Em Holambra, cerca
de 90% das flores são cultivadas em estufas, o que garante a produção regular
de quase todas as variedades em qualquer época do ano. “Consegue-se fazer com
que uma espécie floresça ao longo dos 12 meses do ano, conforme se regulam as
condições. E isso, antigamente, não era possível. Sem essas estufas, essa flor
só florescia em uma determinada época do ano”, enfatizou Opitz.

Ideias sustentáveis

De acordo com Opitz,
o destaque da feira são ideias sustentáveis, que facilitam a produção, e atraem
cada vez mais os consumidores. “Muitas das produções usam tipos de substrato –
terra vegetal em que se planta – que absorvem melhor a água. Por isso, não tem
necessidade de regar tantas vezes. O consumo de água acaba sendo menor. Alguns
tipos de vasos também usam um plástico mais ‘simpático’ ambientalmente, não tem
tanto problema para se degradar”, destacou.

O substrato citado por Opitz contém misturas que levam fibra de
coco, casca de pinus e de eucalipto e outros restos de cultura, como casca de
arroz, que são misturados em uma composição ideal. “Quando coco é cortado, o
produto mesmo é a água de coco, o coco ralado, e ali na verdade estava sobrando
um monte de material com o qual não se sabia o que fazer. E agora está se
usando esse material devidamente tratado como substrato. Com isso, evita-se o
uso de xaxim e de outras plantas naturais, que serviam como substrato
antigamente.”

Para Opitz, o consumo de produtos mais sustentáveis na
floricultura é uma tendência forte. “O consumidor, em geral, está disposto a
pagar mais por um produto, desde que esteja devidamente identificado e seja
comprovadamente sustentável”, afirmou.


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