Menos carboidratos na dieta, mais chances de engravidar. Será?

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de dezembro de 2017 às 02:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:27
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Pesquisa sugere que dieta pobre em carboidratos aumenta em até cinco vezes a chance de engravidar

A vida de quem tenta engravidar ou faz tratamento de fertilização está sempre de olho nas novidades relacionadas ao assunto. Afinal, tudo o que aumenta as chances de realizar o sonho de ter um bebê pode ser uma tentativa válida. 

Um estudo recente, liderado pela empresa britânica Balance Fertility, analisou o estilo de vida e outros fatores relacionados à infertilidade e revelou que uma dieta com baixa ingestão de carboidratos pode aumentar significativamente as chances de engravidar, sobretudo no caso de quem vai fazer fertilização.

De acordo com os médicos que participaram da pesquisa, uma porção de carboidrato por dia é o limite. O conselho dos especialistas é tentar cortar os pães (principalmente os brancos), o macarrão e os cereais do café da manhã. Alguns aconselham a mudar radicalmente a dieta, pelo menos durante essa fase de tentativas Os níveis elevados de carboidratos, especialmente os refinados, afetam notadamente als funções metabólicas do organismo. O excesso pode levar à obesidade, o que, por si só, reduz a fertilidade.

Gillian Lockwood, diretora médica da clínica Midland Fertility, em Tamworth, Inglaterra, destacou pesquisas que mostraram que mulheres com menor consumo de carboidratos tinham até cinco vezes mais chances de sucesso ao tentar engravidar, em comparação com pacientes que seguem dietas-padrão. Segundo ela, o ideal é comer muitos vegetais frescos e proteínas e limitar a ingestão de carboidratos para apenas um grupo e uma porção diária, disse em entrevista ao jornal britânico The Telegraph. Para ela, a dieta típica de hoje é uma das bases dos problemas de fertilidade. A comida moderna é muito rica em carboidratos, saborosa e barata e, assim, é fácil ver por que as pessoas se habituaram a comer muito, acrescentou.

Para Paulo Gallo de Sá, Professor da UERJ e chefe do Setor de Infertilidade do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ, especialista em reprodução humana assistida, nenhum alimento tem tanta influência direta em um processo de fertilização, como aponta o estudo sobre o carboidrato. 

De acordo com ele, as pesquisas nesta área são muito controversas, pois, quando se fala em infertilidade conjugal, é sobre algo que pode estar associado a diversos problemas como fatores genéticos, anatômicos, infecciosos, hormonais, o que dificulta uma avaliação feita de forma separada apenas sobre a influência de determinados alimentos. Além das interferências externas, a capacidade reprodutiva depende também de características genéticas próprias de cada indivíduo. Desta maneira, em casais altamente férteis, a interferência alimentar será menos pronunciada e percebida, enquanto naqueles casais com fertilidade diminuída, os fatores alimentares poderão interferir de forma mais perceptível e até impedir a gestação, explicou o médico.

O especialista reforça, no entanto, que a uma alimentação balanceada, associada à prática de atividades físicas regulares e a outros hábitos saudáveis, como evitar fumar e consumir bebidas alcoólicas, é importante para o bom funcionamento de todos os órgãos e tecidos. “Não seria diferente para os órgãos relacionados à reprodução”, afirma. “O consumo de alimentos industrializados, ricos em conservantes e carboidratos, muito utilizados pela cultura ocidental, pode interferir nas taxas de gestação, principalmente porque esse tipo de comida induz à obesidade (que interfere nos hormônios que controlam a ovulação) e piora a qualidade da vascularização dos tecidos, diminuindo o aporte de oxigênio aos ovários e ao útero, o que pode interferir na qualidade dos óvulos e do endométrio, onde o embrião será implantado.


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