Melhor prevenir do que remediar

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 11:07
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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“Oh! Que saudades que tenho. Da aurora da minha vida. Da minha infância querida. Que os anos não trazem mais!” Foi com esse poema de Casimiro de Abreu, que decorei por que achava lindo ficar declamando, que aos oito anos deixei o meu avô cheinho de orgulho. Segui repetindo cada versinho durante um longo e interminável dia, para a tristeza dos meus familiares. Por um tempo achei aquelas frases sem sentido, completamente chatas, mas nessa primeira semana do ano ele me veio à cabeça como um carro desgovernado. Que saudades de quando janeiro significava as férias de verão!

Férias! Seis letrinhas que significam um mundo de coisas, e que sempre terminam antes da gente completar aquela listinha básica do que fazer, porque o sono e a preguicinha sempre falavam mais alto. Que saudades de quando o mundo era realmente um sonho dourado, que não precisávamos nos preocupar em levantar cedo, nem em comer tão certinho (meu café da manhã era um copo de coca cola com pão), que o ano terá uma das eleições mais importantes da história do país e isso pode modificar muitas coisas em nossas vidas, que 50 reais na carteira já não compram mais nada, que o coração sem as mágoas do tempo sabia amar sem medo e sem limite. Que saudades de quando a maior preocupação na agenda era definir o que levar pro passeio e que brinquedo escolher ou fazer para se divertir o dia todo. Torcer pro sol aparecer e poder se divertir no quintal.

E quando dava, uma das melhores partes das férias de janeiro era a tradicional viagem para o Guarujá ou Santos, no litoral paulista. Foram anos ‘batendo cartão’ naquelas areias do Gonzaga e pitangueiras. Acordando cedinho pra aproveitar o sol leve e comendo muito milho verde (na espiga, porque no pratinho não tem nem o mesmo sabor), queijo coalho (com aquele toque de areia), picolé (frutilly, limão e tablito), e claro que muita lula frita e casquinha de siri.

Desde aquela época fui formando minha opinião quando o assunto é viajar, como faz bem pra alma, conhecer lugares e pessoas diferentes, principalmente quando os destinos envolvem praia e serra. Você pode até não gostar de viajar por N motivos, mas vai ter que concordar que o mar e o verde acalmam sim, a natureza cura! Se você ainda não acredita nessa afirmação, agora temos como conversar, porque os cientistas confirmaram essa informação. Pois é, foram cientistas da escola de medicina Nippon, em Tóquio, eles comprovaram que o poder da natureza pode ser ainda maior. Eles comprovaram que só o fato de você respirar fundo enquanto passeia por uma floresta ou pela beirada do mar faz os sintomas do estresse irem embora. Sentir esse ar puro também multiplica moléculas que combatem o câncer.

Essa pesquisa foi publicada no livro de Imunofarmacologia e Imunotoxicologia. O pesquisador japonês Qing Li criou dentro da escola um centro de estudos que quer aplicar a aromaterapia, para melhor bem estar físico e psicológico das pessoas, e está realizando esses estudos que mostram que apenas olhar uma paisagem natural já causa diminuição dos níveis de estresse e da pressão arterial, mas o efeito é ainda maior quando você sente o aroma.

Já não era necessário esse estudo para saber como é importante a preservação da natureza para a continuidade da vida humana na Terra. Mas quem sabe estimule você a cuidar ainda mais. Não é atoa que grande parte dos remédios são extraídos de plantas e ervas, os índios sabiam disso muito antes dos portugueses chegarem por aqui. E se faltava uma desculpa para dar uma fugidinha para o meio do mato ou para a beira da praia, ela não será mais necessária. Afinal, é melhor prevenir do que remediar!

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.​


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