Medicina da USP busca voluntários para teste de vacinas contra zika

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 30 de junho de 2018 às 02:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:50
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Perfil desejado pelos responsáveis pelo projeto é de adolescentes e adultos saudáveis, de 15 a 35 anos

A Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP) está à procura de voluntários para
testar a vacina contra zika, uma das doenças que podem ser transmitidas pelo
mosquito Aedes aegypti.

O perfil desejado é
de adolescentes e adultos de 15 a 35 anos de idade que estejam em boas
condições de saúde.

Os testes da vacina são feitos pela FMUSP em
parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Centro de
Pesquisa de Vacinas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos
Estados Unidos.

O Brasil viveu um
surto de zika entre 2015 e 2016, que acendeu os holofotes sobre a gravidade da
doença e seus impactos econômicos. Mas, principalmente, sobre a ameaça que o
vírus ainda pode causar em diversas regiões do planeta.

O desenvolvimento da vacina, que é feita com
amostras de DNA do vírus e não com o vírus vivo, é uma estratégia fundamental
para a prevenção da doença. Os interessados podem se inscrever pelo e-mail [email protected]
ou pelos telefones (11) 2661-3344, 2661-7214, 2661-2276.

O professor Esper Kallás, titular da disciplina de
Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP, ressalta o importante papel do
voluntariado nos testes vacinais. “Testar as vacinas em populações com grande
diversidade genética, ou mesmo em diferentes países, é o que nos permite saber
se ela vai funcionar bem na população como um todo antes de ser adotada pelo
Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma Kallás.

O Brasil possui uma das maiores coberturas vacinais
do mundo, o que permitiu o controle, eliminação ou mesmo erradicação de muitas
doenças mortais. Ainda não é o caso da zika e da chikungunya, outra doença
transmitida pelo mosquito, que hoje são classificadas como doenças
negligenciadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), o que
garante prioridade no exame e registro dos produtos.

Ana Maria da Costa, professora do Instituto de
Química (IQ) da USP, explica que doenças negligenciadas não são atrativas para
a indústria farmacêutica, por se tratarem de doenças mais comuns em países do
Terceiro Mundo. “A classificação busca incentivar a pesquisa nessas doenças
porque a indústria farmacêutica não lhes dá atenção. A ideia era tratar as
doenças de forma diferente e, assim, incentivar o desenvolvimento de
medicamentos”, explica a pesquisadora.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da USP também estão pesquisando sobre as doenças decorrentes do Aedes
aegypti e seu impacto na vida selvagem da Região Nordeste do Estado.

Eles coletaram
sangue, saliva e fezes de primatas em várias cidades e pretendem criar um mapa
para ajudar a identificação das zonas de possível risco de infecção por
arbovírus, ou seja, vírus transmitidos por picadas de insetos. “Essas zonas,
sendo identificadas visualmente, auxiliam no entendimento da incidência desses
vírus na natureza e ainda podem servir como instrumento de tomada de decisão
para órgãos públicos. Será possível compreender a dinâmica dos danos desses
vírus na natureza, causando doenças como zika, chikungunya, febre amarela e
dengue”, explica o pesquisador Leonardo La Serra, aluno de doutorado em Clínica
Médica na FMRP e um dos participantes do estudo.

Em Ribeirão também
há um grupo que pesquisa vacinas contra zika, numa parceria entre o Supera,
parque de inovação tecnológica da USP, e a empresa norte-americana BioProphecy.
“Estamos contribuindo para que o Brasil seja pioneiro no desenvolvimento da
vacina contra o zika vírus. O objetivo é iniciar testes e produção de ensaios
clínicos no Brasil ainda em 2018. A maior beneficiada será a população, que
terá acesso, com redução dos custos, ao que há de mais moderno na área da
saúde,” diz Cleverson Fernandes, CEO da empresa.


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