Medicamento pode eliminar vírus da Chikungunya, diz pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de novembro de 2018 às 18:46
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:09
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Acúmulo de água e lixo pode ocasionar o aumento no número de mosquitos Aedes aegypti

Um estudo feito por
pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo
(ICB-USP), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp), mostra que um fármaco usado no tratamento contra hepatite C crônica é
capaz de eliminar o vírus da chikungunya e da febre amarela.

Todos os testes para
uso humano do Sofosbuvir já foram realizados e com isso é possível que a
substância seja empregada em uma eventual epidemia de Chikungunya.

Segundo a pesquisa, as células humanas infectadas in vitro com
Chikungunya foram tratadas com o fármaco, que eliminou o vírus sem danificar as
células e se mostrou 11 vezes mais efetivo contra o vírus do que contra as
células.

Para um dos pesquisadores, o professor Lúcio Freitas-Junior, a
utilização do Sofosbuvir para o tratamento da chikungunya é interessante porque
o processo para a obtenção de um novo fármaco é demorado, levando em torno de
12 anos, e caro, podendo chegar a R$ 1,5 bilhão. “O Sofosbuvir é uma droga
que passou por todo o processo de aprovação para uso humano. Isso possibilita
que ela venha a ser utilizada contra a chikungunya em um ou três anos. O custo
seria muito menor, estimado em cerca de US$ 500 mil”, disse.

Explicou que a
chikungunya é grave não só por ser uma doença aguda, apresentando quadro
semelhante ao da dengue, mas porque pode provocar sequela, dores articulares
altamente debilitantes, que se estendem por meses ou anos.

Essas sequelas podem também incapacitar a pessoa a exercer sua
atividade profissional e até mesmo a sair da cama.

“Não há vacina desenvolvida e as ferramentas para diagnóstico
ainda precisam ser otimizadas. O Sofosbuvir é algo concreto que pode se tornar
uma ferramenta poderosa para lutar contra esse vírus. Os resultados de nossa
pesquisa possibilitam que as instituições eventualmente interessadas deem
início aos ensaios clínicos”, disse Freitas-Junior.

Afirmou que a estratégia de utilizar um medicamento já conhecido
para uma outra doença é chamada de reposicionamento de fármacos. Foram testados
vários remédios conhecidos, prescritos não só antivirais, mas para outras
doenças e condições e o considerado melhor foi o Sofosbuvir. “Com essa informação, médicos em hospitais podem organizar
pequenos protocolos para testar isso em humanos”, disse.

Campanha

A prefeitura de São Paulo anunciou que antecipará para a próxima
semana o lançamento do plano de combate ao mosquito Aedes aegypti e reforçará o efetivo de agentes de
saúde envolvidos na ação.

Normalmente as campanhas são lançadas em janeiro. Segundo a
prefeitura, este ano o combate ao mosquito terá um plano que abrange várias
secretarias. Haverá ainda uma sala de situação, comandada pelo infectologista
David Uip, que vai monitorar as doenças transmitidas pelo mosquito.

Segundo dados da
prefeitura, até outubro deste ano foram registrados 505 casos de dengue no
município. No ano passado, foram confirmados 866 casos. Já com relação à febre
amarela, este ano foram 13 casos autóctones (adquiridos no próprio município),
107 casos importados e seis mortes. Em 2017 não houve nenhum caso autóctone e
foram 28 casos importados.

Foram confirmados ainda 24 casos de chikungunya autóctones e 30
importados este ano. Em 2017, foram três autóctones e um importado. Em 2018,
não foram registrados casos autóctones de zika e houve apenas um importado. No
ano anterior foram 3 autóctones e um importado.

A prefeitura informou também que, além dos postos de saúde, a
vacina contra a febre amarela também será aplicada em estações de trem, Metrô e
terminais de ônibus. A meta é imunizar 95% da população em 2019. De setembro do
ano passado, quando começou a imunização, até outubro de 2018, foram vacinadas
6,8 milhões de pessoas, o que representa 58,5% da cobertura vacinal.


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