Remédio para hipertensão e controle de edemas pode causar câncer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 14:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:12
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Anvisa alerta para aumento do risco de câncer de pele com uso cumulativo do medicamento

A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) divulgou nesta terça-feira, 04 de dezembro, um alerta para o
aumento do risco de câncer de pele não-melanoma decorrente do uso cumulativo do
medicamento hidroclorotiazida, utilizado para tratamento da hipertensão
arterial e para controle de edemas.

A descoberta foi realizada por meio
de estudos epidemiológicos que demonstraram uma associação dose-dependente
cumulativa — que ocorre quando a dose utilizada de um determinado medicamento
está diretamente relacionada com seus efeitos — entre o medicamento em questão
e o câncer de pele não-melanoma, informou a Anvisa.

De acordo com a agência, em um dos
estudos, foi possível notar também uma possível associação entre câncer de
lábio e a exposição ao medicamento. “Ações fotossensibilizadoras da
hidroclorotiazida, que facilitam a sua absorção pela pele, podem atuar como um
possível mecanismo para a doença”.

A Anvisa considerou ainda as
recomendações do Comitê de Avaliação de Riscos em Farmacovigilância da Agência
Europeia de Medicamentos para classificar como plausível a associação entre o
aumento do risco de câncer de pele não-melanoma e o uso em longo prazo de
medicamentos contendo hidroclorotiazida.

Recomendações

Por meio de comunicado, a agência
solicitou que os profissionais de saúde informem aos pacientes tratados com
hidroclorotiazida sobre o risco de câncer de pele – sobretudo aqueles que já
fazem uso do fármaco em longo prazo. Eles também devem ser orientados a
verificar regularmente a pele quanto a novas lesões e a notificar imediatamente
o profissional sobre qualquer tipo de lesão cutânea suspeita.

A orientação da Anvisa é que o
tratamento não seja interrompido antes que os pacientes consultem o médico.
“Lesões cutâneas suspeitas devem ser prontamente examinadas, incluindo exame
histológico de biópsias. Medidas preventivas, tais como limitação da exposição
à luz solar e aos raios ultravioleta, podem ser realizadas no intuito de
minimizar o risco de câncer de pele. O uso de hidroclorotiazida pode ser
revisto em pacientes com histórico de câncer de pele não-melanoma”.

A inclusão das novas informações de
segurança nas bulas de todos os medicamentos que contêm o princípio ativo
hidroclorotiazida será imediatamente solicitada pela agência.

Câncer
de pele

O câncer de pele não-melanoma
compreende os tumores mais comuns, que ocorrem principalmente em pessoas de
pele clara, após exposição solar por longo tempo. Geralmente, apresentam apenas
crescimento local, mas não cicatrizam ou se curam sem tratamento e tendem a
aumentar com o tempo, podendo causar deformação, dor e sangramento.

Dados do Instituto Nacional do Câncer
(Inca) indicam que esse é o tipo de câncer mais frequente no Brasil e
corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Se
detectado precocemente, a doença apresenta altos percentuais de cura. Entre os
tumores de pele, o tipo não-melanoma é o de maior incidência e de mais baixa
mortalidade.

Monitoramento

A Anvisa informou que monitora
continuamente os medicamentos comercializados no Brasil e reforçou que profissionais
de saúde e pacientes notifiquem os eventos adversos ocorridos com o uso de
qualquer medicamento.

A comunicação de suspeitas de eventos
adversos pelos pacientes pode ser feita por meio do formulário, pela Central de
Atendimento ao Público (0800 642 9782) ou pela Ouvidoria (ouvidori@tende)

Para os profissionais de saúde, a
Anvisa disponibiliza o sistema Notivisa em caso de notificação de eventos
adversos.


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