Mau humor pode ser sinal de problemas de saúde, revela estudo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de janeiro de 2019 às 20:15
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:18
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De acordo com as descobertas, o humor negativo está associado a níveis mais altos de inflamação

Quantas vezes por
semana você fica de mau humor? Esse número pode ser um indicativo de problemas
de saúde, indica estudo publicado recentemente na revista Brain,
Behavior and Immunity
. De acordo com as descobertas, o humor negativo está associado a níveis mais altos de inflamação – que é uma resposta natural do corpo diante
de lesões e infecções, assim
como pode ser sinal de doenças crônicas e outros problemas comuns de saúde. 

Para chegar a este resultado, os pesquisadores
analisaram dados de 220 participantes
coletados através da pesquisa Escape, que avalia os efeitos do estresse sobre o envelhecimento cognitivo, fisiologia e emoção. Ao contrário dos estudos anteriores, que
investigam o humor através do efeito evocado (no qual os participantes
respondem um questionário para relatar manifestações de humor registrados
durante a semana ou mês anterior), os resultados relatados pelos pesquisadores
foram alcançados ao analisar o efeito momentâneo ecológico (EMA, na sigla em
inglês), que monitora as alterações de humor em tempo real. 

Segundo a equipe da
Universidade Estadual da Pennsylvania, nos Estados Unidos, o EMA é mais
eficiente porque captura as experiências afetivas enquanto elas acontecem, já o
primeiro modelo está sujeito à memória e fatores de personalidade.

Os resultados

Ao longo do experimento, os participantes recebiam
notificações pelo celular cinco vezes ao dia para que avaliassem em uma escala
de um a sete as emoções positivas (feliz,
entusiasmado, alegre, descontraído, calmo e satisfeito) ou negativas
(irritável, triste, tenso, entediado, estressado, deprimido, nervoso, chateado
e desapontado) que vivenciavam. Ao final das duas semanas, os voluntários
também responderam a um questionário retroativo (efeito evocado) a respeito dos
sentimentos exibidos durante os 14 dias do estudo. 

Além
da autoavaliação, foram coletadas amostras de sangue para determinar os níveis
de citocinas inflamatórias – substâncias envolvidas na resposta inflamatória –
e as concentrações de proteína
C-reativa (PCR) – substância produzida no fígado que ajuda no
diagnóstico de inflamações. 

Ao analisar o
estudo completo de duas semanas, os pesquisadores não encontraram ligação entre
as alterações de humor (positiva ou negativa) coletadas pelo EMA e pelo
questionário de memória e os marcadores de inflamação. Entretanto, quando
apenas a última semana foi analisada, notou-se uma
conexão entre os marcadores e o efeito negativo (NA, na sigla em inglês)
relatados pelo EMA.

Para
a equipe, esse resultado pode ter sido provocado pela proximidade com a coleta
de sangue (e os sentimentos envolvidos). “O
NA da semana 2 foi significativamente associada com níveis mais altos de
citocina -7, substância que mede a inflamação. Até onde sabemos, estas são
as primeiras análises a mostrar associações significativas entre o NA
momentâneo e subsequentemente avaliar a inflamação periférica”, explicaram os autores na pesquisa.

Inflamação e humor

De acordo com os pesquisadores, a descoberta aponta
para a existência de algum tipo de relação entre as alterações negativas
diárias do humor e os marcadores de inflamação que podem ser indicadores de problemas de saúde. 

Apesar disso, eles
ressaltam que ainda será necessário mais investigações para entender melhor
essa conexão. “Estamos empolgados com essas descobertas e esperamos
que estimulem pesquisas adicionais para entender a associação entre humor e
inflamação, o que pode estimular novas intervenções psicossociais que promovem
a saúde de forma ampla e ajudam a quebrar um ciclo que pode levar à inflamação
crônica, incapacidade e outras doenças”, conclui Jennifer Graham-Engeland,
pesquisadora da saúde comportamento, no estudo.


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