Marcador biológico facilitará diagnóstico da dengue hemorrágica

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de setembro de 2018 às 23:07
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:02
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Vírus assume o controle do metabolismo das células infectadas para atender às necessidades de replicação viral

Um estudo desenvolvido a partir da
análise de milhares de moléculas levou pesquisadores à identificação de
lipídios que podem indicar a evolução da dengue para sua forma mais grave, a
hemorrágica.

Segundo os cientistas, foi possível
observar que o vírus ajuda a promover a adição de fosfato às proteínas do
sangue, aumentando a quantidade de fosfotidilcolinas.

Esses lipídios agem contra a
coagulação, e a presença excessiva deles acaba por desbalancear os processos
que evitam as hemorragias.

O estudo foi desenvolvido pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Escola de Medicina de São José do
Rio Preto (Famerp), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (Fapesp), revelou marcadores que facilitam o diagnóstico da dengue
hemorrágica.

A investigação é resultado do
doutorado do pesquisador Carlos Fernando Odir Rodrigues, sob orientação do
professor Rodrigo Ramos Catharino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
Unicamp.

Reconhecimento
internacional

Transformada em artigo publicado
na revista Scientific Reports, a pesquisa descreve a evolução da
dengue hemorrágica a partir da análise de 20 pacientes tratados no Hospital de
Base da da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

De acordo com o estudo, o vírus
assume o controle do metabolismo das células infectadas para atender às necessidades
de replicação viral. Essa atuação gera aumento da fosfotidilcolina, que
dificulta a coagulação do sangue e é um indicativo da febre hemorrágica.

Com essa constatação, os
pesquisadores acreditam que, em breve, será possível identificar a ocorrência
da forma mais grave da doença a partir de exames de sangue. A expectativa é que
a descoberta também ajude no desenvolvimento de vacinas e no aperfeiçoamento
dos tratamentos.

A partir do diagnóstico mais rápido e
preciso, deve ainda aumentar a sobrevida dos pacientes, uma vez que o
atendimento já poderá ser direcionado desde os estágios iniciais. A evolução
para a variedade hemorrágica está ligada vários fatores, como a quantidade de
vírus no organismo e a reação do sistema imunológico do doente.

Contaminação

A Organização Mundial da Saúde (OMS)
estima que a dengue afete 390 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Em
junho, o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti
(LIRAa), do Ministério da Saúde, apontou que 1,1 mil municípios brasileiros,
22% do total, tinham risco de surto de dengue, zika e chikungunya.

Nas capitais, apenas São Paulo, João
Pessoa e Aracaju estavam em condições consideradas satisfatórias e tinham
poucas chances de enfrentar esse tipo de problema.

Até julho, haviam sido confirmadas 77
mortes causadas pela dengue em todo o país. Ao todo, foram registrados 148
casos da doença considerados graves e 1,7 mil ocorrências com sinais de alarme.


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