Maioria dos pacientes com dor na lombar recebe tratamento errado

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de março de 2018 às 00:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:38
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Condição afeta 540 milhões de pessoas. A avaliação é de que medicamentos não deveriam ser a primeira opção

A dor na lombar é a principal
causa de incapacitação no trabalho e afeta em média 540 milhões de pessoas em
todo o mundo, avaliam estudos publicados na última sexta-feira, 23 de março, no
“The Lancet”. Ainda, a maioria
dos pacientes com dores recebem o tratamento errado quando procuram um
especialista.

Para chegar a essas conclusões, pesquisadores fizeram
uma revisão sistemática de estudos publicados entre 1990 e 2016 em 195 países.
A partir desses dados, foram publicados dois estudos científicos no “The
Lancet ” e um artigo de opinião de especialistas.

Na avaliação dos pesquisadores do estudo, a primeira
opção de tratamento para a condição deveria ser feito na atenção primária, com
a indicação de reeducação postural e a manutenção da rotina diária.

O que acaba acontecendo, entretanto,
é que a maioria dos pacientes volta para a casa com medicamentos e a indicação
de pararem de trabalhar — embora diretrizes mais recentes demonstrem que
fisioterapia e manutenção da atividade física e de uma vida ativa seriam mais
eficazes.

Ainda, em países como os Estados Unidos, há a
recomendação do uso de medicamentos muito fortes para a condição – como os opioides.

De acordo com as pesquisas, a dor lombar agora se
consolidou como a principal causa de incapacidade no mundo — com o crescimento
da condição em algumas regiões da África e Oriente Médio e em partes da América
Latina, além dos altos índices já registrados em países de alta renda.

No
Reino Unido, por exemplo, se juntarmos todos os dias de trabalho perdidos por
trabalhadores britânicos, um total de 1 milhão de anos de vida produtiva é
perdido por causa da deficiência de dor lombar. Nos Estados Unidos, esse número
é de 3 milhões e, na Austrália, 300.000.

sobre a dor

A dor lombar é um sintoma muito comum e ocorre em todas as
faixas etárias. Para a maioria das pessoas, não há uma causa específica, como
uma fratura vertebral.

Indivíduos
com empregos com maior exigência física, pessoas com comorbidades mentais e
obesos estão mais propensas à dor.

As
pesquisas estimam que a dor lombar aumente nas próximas décadas, em particular
em países de baixa e média renda, em que os sistemas de saúde são frágeis para
lidar com a condição. 

Os tratamentos recomendados

O tratamento inicial deve ser não medicamentoso com a
educação para a retomada das atividades normais. Uma indicação de um psicólogo
pode ser dada para sintomas persistentes.

No
entanto, avaliam os pesquisadores, há um uso excessivo de exames de imagem,
opioides, injeções e cirurgia. 

Iniciativa global

O estudo faz parte da iniciativa “Global Burden
Disease” (algo como o fardo global de doenças). A ideia da medida é que,
como as pessoas estão vivendo mais, é necessário ter um olhar mais voltado para
como elas vivem, bem como para as incapacidades que vão se acumulando com as
diversas doenças e tratamentos que surgem ao longo do tempo.

Nesse
sentido, a saúde pública começou a avaliar os “anos vividos com incapacidade”
como uma variável para indicar a qualidade de vida. Exemplos de doenças comuns
que levam à incapacidade, segundo a iniciativa, são deficiência de ferro,
enxaqueca, dores na lombar e depressão.

Os anos
vividos com incapacidade que tiveram por causa a dor na lombar aumentaram 54%
desde 1990 — o que elevou a condição ao patamar de principal causadora de
incapacidade.


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