Jovens foram os mais atingidos por piora no mercado de trabalho

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 02:52
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:22
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Pesquisa mostra que, nos últimos cinco anos, população mais jovem perdeu 14% da renda

Os jovens foram a parcela da população que mais perdeu renda no trabalho nos últimos cinco anos e é entre a juventude que estão os maiores índices de desigualdade, de acordo com a pesquisa Juventude e Trabalho do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Social. 

Em entrevista, o diretor da FGV Social, Marcelo Neri defende a educação como forma de melhorar esse cenário.

A pesquisa mostra que entre 2014 e 2019, jovens de 15 a 29 anos perderam 14% da renda proveniente do trabalho. 

Entre os jovens mais pobres, esse percentual chegou a 24% e, entre analfabetos, 51%. “O elemento fundamental um para lidar com essa situação é a educação. Não se pode errar na educação”, diz.

De acordo com a publicação, enquanto outros grupos tradicionalmente excluídos como analfabetos, negros e moradores das regiões Norte e Nordeste apresentam reduções de renda pelos menos duas vezes maior que a da média geral nesse período de crise econômica no Brasil, esta perda foi cinco vezes maior entre jovens de 20 a 24 anos.

O desemprego, segundo Neri, afetou os jovens, mas a precarização do trabalho também. 

“O desemprego é um componente importante, mas não é o único e não é o maior. O desemprego é alto, mas a perda por precarização, por informalidade e redução de salário é tão grande quanto o desemprego”, diz.

O cenário provoca descrença entre os jovens. Neri diz que 30% dos jovens brasileiros acreditam que não têm perspectiva de ascender socialmente pelo trabalho. Isso colocar o Brasil em 103º lugar em um ranking de 130 países. 

No Peru, esse percentual é 3%. “As ferramentas do jovem de inserção, que na verdade são as ferramentas de propulsão da economia, educação e trabalho, na visão do jovem esses elementos estão aquém do que eles precisam”, diz Neri.

Descrentes, o percentual dos chamados nem-nem, ou seja, aqueles que não estudam, nem trabalham passou de 23,4% em 2014 para 26,2% 2019. 

Entre os jovens que são chefes de família, esse percentual cresceu de 15,19% para 22,67% no período. Entre mulheres, passou de 27,84% para 30,25%.

“O jovem tem que acreditar que é possível subir na vida senão para que vai estudar e trabalhar para sobrevivência?”, diz o diretor. 

“A situação dos Nem-Nem é um vácuo que foi formado e precisa ser ocupado com coisas positivas e concretas. O jovem tem que conseguir vislumbrar isso, o que não está conseguindo com a situação atual”.

De acordo com Neri, uma educação mais voltada para a realidade do jovem, ensino técnico para capacitar para o mercado e melhorias no ambiente de trabalho são fatores que podem contribuir para melhorar o cenário. 

O estudo está disponível na internet.

Fonte: Agência Brasil


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